Braga Netto recebe Sóstenes na prisão e o parabeniza por anistia
Visita do líder do PL na Câmara ao general durou cerca de 40 minutos
Pleno.News - 15/04/2025 21h37 | atualizado em 16/04/2025 12h41
O ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto, preso desde o dia 14 de dezembro por suposta obstrução de justiça no inquérito da tentativa do suposto golpe de Estado, recebeu a visita do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). No encontro, Braga Netto comemorou a apresentação do requerimento de urgência do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro.
Ao Estadão, Sóstenes disse que Braga Netto, que está preso em um quartel onde possui acesso à televisão com canais abertos, o parabenizou pelo trabalho na articulação do projeto.
A visita de Sóstenes, que foi a primeira pessoa fora da família a visitar Braga Netto, durou cerca de 40 minutos. O ex-ministro está detido há 122 dias na 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, no Rio de Janeiro.
Braga Netto também relatou ao líder do PL que é alvo de uma injustiça. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou prendê-lo após a Polícia Federal apontar uma ligação telefônica e trocas de mensagens do ex-ministro com o pai do ex-ajudante de ordens da presidência Mauro Cid, general Mauro Lourena Cid, como tentativa de interferir na investigação sobre o suposto golpe de Estado. O ex-ministro da Defesa alega que era Lourena Cid quem o procurava.
– O pai do Mauro Cid que ligou para ele. Por isso, ele acha que a prisão não se sustenta. (…) Ele também disse que nunca ouviu a palavra golpe nas reuniões das quais participou e que estava assombrado com a história dos kids pretos – declarou Sóstenes à Coluna do Estadão.
Na visita, Sóstenes rezou o Pai-Nosso com Braga Netto. O líder do Partido Liberal na Câmara também o presenteou com o livro Uma Vida Com Propósitos – Por Que Estou na Terra?, de Rick Warren. A obra, de 352 páginas, busca trazer reflexões ao leitor sobre os significados da vida.
O parlamentar também disse ao Estadão que Braga Netto perdeu entre um a dois quilos se exercitando. Sóstenes afirmou que o general “não tem privilégios” na prisão, estando recluso a um espaço com quarto e banheiro e se alimentando com a comida do quartel militar.
Na última quinta (10), Moraes autorizou a realização de visitas a Braga Netto. Segundo o magistrado, os políticos vão precisar se revezar em grupos de até três pessoas para visitarem o ex-ministro da Justiça entre às 14h e às 16h. De acordo com Sóstenes, na próxima quinta (17), deverão ir ao quartel os senadores Damares Alves (Republicanos-DF) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa presidencial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, é um dos oito réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrarem o primeiro núcleo da tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi aceita no STF no dia 26 de março.
Segundo a denúncia, Braga Netto organizou na casa dele uma reunião com o núcleo de militares com formação em forças especiais do Exército, os chamados kids pretos. No encontro, apresentaram o planejamento das ações para consumar o golpe. Ele também teria promovido represálias contra militares da alta cúpula das Forças Armadas que não se associaram à trama golpista.
Ao lado do também general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Braga Netto teria integrado um gabinete para gerir a crise posterior à ruptura institucional. A PGR também o associou ao Operação Punhal Verde e Amarelo, na qual estava prevista o assassinato de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Ao STF, a defesa de Braga Netto disse que a denúncia é “ilógica e fantasiosa”. Os advogados dele também declararam que a peça da PGR parece “um filme ruim e sem sentido”.
– Tal qual um filme ruim e sem sentido, a denúncia apresenta furos em seu roteiro que desafiam qualquer lógica plausível. De forma surrealista, sustenta absurdos como o plano de prisão de uma pessoa morta. Se não há compromisso com a lógica, certamente que não há nenhum comprometimento com a prova – disse a defesa do ex-ministro.
*AE
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