Bolsonaro transfere Ramos para a reserva do Exército
General é ministro-chefe da Secretaria de Governo
Pleno.News - 16/07/2020 10h22 | atualizado em 16/07/2020 11h55
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transferiu para a reserva do Exército o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
A mudança já era esperada. Em 25 de junho, Ramos divulgou nota em que informava que apresentaria uma carta, em 1º de julho, solicitando a antecipação de sua transferência para a reserva remunerada, o que só aconteceria em dezembro de 2021.
Nas Forças Armadas, a permanência do general na ativa já era vista com incômodo por estabelecer uma relação direta entre a instituição e o governo.
A mudança de patamar de tensão se deu no sábado (11), quando Gilmar Mendes disse que o Exército, ao ocupar cargos técnicos no Ministério da Saúde em meio à crise do novo coronavírus, está se associando a um genocídio.
O Ministério da Defesa reagiu e encaminhou na terça-feira (14) representação à Procuradoria-Geral da República contra o ministro do STF. Na notícia de fato, a pasta usou como argumentos artigos da Lei de Segurança Nacional e do Código Penal Militar – que em alguns casos podem alcançar civis.
A PGR vai avaliar a representação e decidir se o caso deve seguir ou se vai arquivá-lo. Antes de mandar o pedido à Procuradoria, a Defesa divulgou duas notas repudiando a declaração, assinadas pelo ministro Fernando Azevedo e Silva e os chefes das três Forças.
Na terça, o vice-presidente Hamilton Mourão cobrou um pedido de desculpas de Gilmar.
Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou neste mesmo dia, Pazuello não tem intenção de antecipar sua ida para reserva, o que só deve acontecer em março de 2022. Interino na Saúde, o general não tem discutido sua efetivação no cargo e diz a pessoas próximas que, terminado o trabalho no ministério, quer retornar ao comando da 12ª Região Militar, no Amazonas.
Militares que hoje estão na Saúde discutem duas possibilidades no calendário em que Bolsonaro pode dar a missão de Pazuello como encerrada e, então, trocá-lo por um titular.
A primeira seria no final de julho, com o ministério já reestruturado e com os casos no centro-norte do país em queda. A segunda, mais provável, seria entre o fim de agosto e setembro, quando se espera que os números no centro-sul do país, hoje em ascensão, comecem a cair.
Na quarta-feira (15), Bolsonaro divulgou uma mensagem em que defende o general e rebate as críticas de que existe uma militarização excessiva da pasta.
Na publicação nas redes sociais, o presidente afirma que Pazuello é um “predestinado” e motivo de orgulho para o Exército.
CARREIRA MILITAR DE RAMOS
Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército em 8 de março de 1973, segundo nota que divulgou no fim de junho, anunciando que deixaria a ativa.
Ele comanda a Secretaria de Governo desde 4 de julho de 2019 e, até agora, permanecia no serviço ativo, ainda que licenciado do Alto-Comando do Exército (ACE). De acordo com o ministro, ele estava apartado de todas as reuniões e decisões estratégicas e administrativas.
Além da Secretaria de Governo, a Casa Civil e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) também são comandados por generais da reserva, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, respectivamente.
*Folhapress
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