Bolsonaro: ‘Partidos nunca pedem ministério da Damares’
Presidente afirmou que mantém conversas com líderes partidários, mas que não pretende mudar ministros
Henrique Gimenes - 22/06/2019 18h17 | atualizado em 22/06/2019 19h00
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado (22), que “há pedidos” de políticos pela indicação de ministros.
– Não pretendo mudar ministros, você sabe que há pedidos, é natural. O ministério que mais pedem é o da Minas e Energia, não sei por quê. Ninguém pede o da Damares [Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos]. É natural acontecer isso aí, a gente conversa, se expõe e se explica e grande parte deles [líderes políticos] entende a situação que nos encontramos – disse Bolsonaro, pouco depois de deixar o departamento médico do Palácio do Planalto, onde fez exames de rotina.
Bolsonaro alegou que o Brasil não pode voltar a ter “ministros de partido”.
– Vamos supor que eu dê o ministério X para tal partido. Daí o PV me pede o Meio Ambiente e bota o Zequinha [o ex-ministro Sarney Filho] lá. Como fica o agronegócio? Todos pedem com essa política de querer botar o meu homem ou mulher nesse ministério. Todos pedem, sem exceção – declarou.
O mandatário argumentou ainda que “pela primeira vez” há no país um presidente “horando o que prometeu na campanha”.
– O que eu mais ouço falar, o pessoal mais tranquilo, parlamentar antigo, é que hoje ele tem acesso a todos os ministérios. Antigamente ele tinha acesso ao ministério do partido dele. Isso que mudou – disse.
Bolsonaro voltou a falar sobre a articulação política do seu governo. Por meio de medida provisória publicada na quarta-feira (19), o presidente transferiu a articulação política de Onyx Lorenzoni (ministro da Casa Civil) para o general Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
Lembrando que Onyx é seu aliado de longa data, Bolsonaro disse que o chefe da Casa Civil “é um bom articulador”. Mas emendou: “A situação é difícil dele, é o fusível que tem a menor resistência, queima mais rapidamente, segundo dizem por aí.”
Nesta sexta-feira (21), o presidente usou uma analogia semelhante para se referir aos ministros que despacham no Palácio do Planalto.
– Bem, todo mundo diz, e é verdade: tem três ministérios aqui dentro [do Planalto], Secretaria do Governo, Secretaria-Geral e Casa Civil, que são fusíveis. Para evitar queimar o presidente, eles se queimam – afirmou o mandatário, na sexta-feira.
Bolsonaro também comentou, neste sábado, a demissão do general Carlos Alberto dos Santos Cruz da Secretaria de Governo, que ocorreu na quinta-feira (13).
O presidente disse que não tem “nada pessoal” contra Santos Cruz, mas alegou que seu ex-auxiliar tinha “uma difícil articulação conversando com parlamentares.”
Citando que o substituto de Santos Cruz, general Ramos, já foi assessor parlamentar do Exército, Bolsonaro disse que seu novo ministro “tem bom trânsito com parlamentares”.
– É uma pessoa de comportamento alegre em relação ao anterior. Então isso vai ajudar a quebrar barreiras com toda certeza – concluiu o presidente.
*Folhapress
Leia também1 Bolsonaro: "Dificilmente teremos concursos no Brasil"
2 Bolsonaro: "Querem me deixar como rainha da Inglaterra?"