Bolsonaro avisa a imprensa: “Não vou dar dinheiro”
Em sua live semanal pelas redes sociais, presidente voltou a criticar a mídia brasileira
Henrique Gimenes - 27/02/2020 20h02 | atualizado em 27/02/2020 21h10
Nesta quinta-feira (27), o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a atuação da imprensa brasileira em sua tradicional live pelo Facebook. Ele comentou a notícia de que teria compartilhado um vídeo chamando a população para um protesto contra o Congresso.
A informação foi divulgada pela jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo, e mostrava uma mensagem de WhatsApp de Bolsonaro com um vídeo convocando para a manifestação marcada para o dia 15 de março. De acordo com o presidente, no entanto, o vídeo é de 2015.
– Tô apanhando da mídia, Jornal Nacional, Folha, Estado, Globo. Acho que praticamente quase toda a mídia brasileira. Eu disparei trilhões de “zaps” pedindo apoio de todos para a manifestação do dia 15 de março. O que eu mandei para poucas pessoas do meu círculo de amizades foram sem filtros. E a Vera Magalhães teria recebido um vídeo em que peço apoio para a manifestação de 15 de março de 2015 (…) É um vídeo em que peço o comparecimento do pessoal no dia 15 de março de 2015, que por coincidência foi num domingo. E pelo que parece, Vera Magalhães, você pegou esse vídeo. Não posso confirmar que seja essa a história realmente, porque eu não sou da sua laia. Em cima disso ela fez a matéria de que eu estaria disparando WhatsApp e pedindo apoio para o movimento do dia 15 de março agora – explicou.
Bolsonaro ainda negou que tenha atacado qualquer instituição brasileira.
– Como ela viu que tinha feito besteira, porque o vídeo é de 5 anos atrás, começou a ligar para algumas pessoas para saber se eu havia enviado a mensagem. E uma pessoa teria confirmado. Agora esse vídeo ela não mostra. Mostre o vídeo. Veja se lá eu estou atacando o Parlamento brasileiro ou o poder Judiciário (…) Isso ela não mostra. Ela printou uma imagem e não mostrou o vídeo. Até o vídeo que está no print dela não tem nada a ver (…) Não posso afirmar, mas ela queria dar um furo de reportagem com aquele meu vídeo convocando o pessoal para 15 de março, domingo. E no afã de dar o furo jornalístico rapidamente, não viu a data que era 2015. Mas dá pra perceber que eu estou um pouco mais jovem – ressaltou.
Assim como na última semana, ele voltou a falar que os ataques que sofre acontecem após o corte na publicidade de veículos de mídia.
– Mais um trabalho porco, que a mídia repercutiu em cima da Vera Magalhães (…) O meu grande erro, segundo algumas poucas pessoas, é não gastar R$ 1 bilhão por ano com propagandas oficiais. Estamos gastando menos. (…) Por não gastar dinheiro com essa mídia podre, passam o tempo todo escrevendo besteira sobre nosso governo. Não vou mudar. Não estou atacando a mídia brasileira. Vocês são importantes quando vendem a verdade – apontou.
O presidente também afirmou que, durante um encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), vai pedir a empresários que parem de anunciar em jornais e revistas que mentem “o tempo todo” e trabalham “contra o governo”.
– Terei uma reunião na Fiesp, em São Paulo, e já adianto o que falarei com o empresariado. Entre outras coisas, [falarei] que esses jornais, essas revistas, como a Época, Folha de S.Paulo. Que não anunciem lá. Um jornal que só mente o tempo todo trabalha contra o governo. E se o governo der errado, toda a economia do Brasil vai sofrer. Vocês não podem dar dinheiro para uma mídia que mente o tempo todo. Vai em cima da imprensa isenta, que fala a verdade. Agora quando você anuncia numa Folha de S.Paulo, por exemplo, vocês estão ajudando o Brasil a afundar. Eles só querem o tempo todo me derrotar. Falam até em impeachment (…) O vídeo não tem nada contra o Congresso e nem contra o STF, mas ela não mostra o vídeo – destacou.
Bolsonaro ainda disse que as matérias negativas não levarão ele a renunciar ao seu mandato ou aumentar as verbas publicitárias.
– Vera Magalhães, você como jornalista precisa ter um pouco mais de vergonha na cara. Não fique buscando um furo jornalístico e publicar o que veio para cima de você. O que interessa hoje em dia não é a verdade, mas sim quem posta primeiro. É isso que acontece com a imprensa brasileira (…) Não vou renunciar ao meu mandato, não vou dar dinheiro para a imprensa. Com tantos problemas que temos, não posso gastar R$ 1 bilhão com a imprensa. Graças a Deus hoje temos as redes sociais – afirmou.
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