Barroso: “Concordo que algumas penas do 8/1 ficaram elevadas”
Ministro também admitiu que o julgamento do suposto golpe de Estado causa "mal-estar" no país
Thamirys Andrade - 07/10/2025 14h27 | atualizado em 07/10/2025 15h07

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reconheceu que algumas penas dos condenados pelos atos do 8 de janeiro ficaram “elevadas” e demonstrou estar aberto ao diálogo sobre a diminuição das punições, mas não sobre a anistia. As falas ocorreram durante o 1º Seminário Judiciário e Sociedade, nesta terça-feira (7).
– Eu concordo que algumas penas, sobretudo a dos executores que não eram mentores, ficaram elevadas, eu mesmo apliquei penas menores. Desde o começo apliquei penas menores, me manifestei antes do julgamento do ex-presidente [Jair Bolsonaro], que considerava bastante razoável a redução das penas pra não deixar acumular Golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito, e faria com que todas essas pessoas saíssem em dois anos, dois anos e pouco. Acho que estava de bom tamanho – opinou, segundo informações da CNN.
Barroso também admitiu que o julgamento do suposto golpe de Estado causa “mal-estar” no país, mas avaliou que a Suprema Corte não poderia deixar de fazê-lo.
– É um julgamento que continua a causar um certo mal-estar no país, porque o ex-presidente perdeu as eleições, mas teve 49% dos votos, portanto tinha muito apoio na sociedade, a gente não pode ignorar e, evidentemente, a gente não pode deixar de julgar – adicionou.
O ministro também afirmou que as provas envolvendo o núcleo crucial do suposto golpe são “públicas” e que não há dúvidas de que havia um plano para assassinar autoridades.
– Não há nenhuma dúvida de que havia um plano Punhal Verde e Amarelo que planejava o assassinato do presidente [Luiz Inácio Lula da Silva], do vice-presidente [Geraldo Alckmin] e de um ministro do Supremo [Alexandre de Moraes]. Houve um claro incentivo aos acampamentos militares pedindo golpe de Estado, houve uma colaboração premiada detalhando tudo. Eu respeito todas as posições políticas e ideológicas, mas a gente na vida tem que trabalhar com fatos e, portanto, o Supremo teve que julgar esses fatos – concluiu.
Leia também1 STF: Barroso fala em "saber a hora de sair" e alimenta especulações
2 Fachin: Ninguém pense que fará reforma contra o Poder Judiciário
3 PGR se opõe à soltura de acusado de atentado a bomba em Brasília
4 Janja se refere a Jair Bolsonaro como "inominável" em jantar
5 Sem anistia, Brasil não avança em direção ao futuro, diz Zema



















