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Artigo condena trajetória controversa de Lewandowski

"Serviu à nossa casta política, transformando o garantismo penal em ideologia", diz o texto

Marcos Melo - 25/02/2023 14h46 | atualizado em 27/02/2023 12h25

Ricardo Lewandowski Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O jornalista e advogado Carlos Graieb, colunista do site O Antagonista, publicou um artigo nesta sexta-feira (24) analisando o perfil do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que está prestes a deixar o tribunal, pela aposentadoria compulsória.

Intitulado Os serviços bem prestados de Ricardo Lewandowski, o texto critica a conduta do magistrado, afirmando que ele “serviu exemplarmente à nossa casta política, transformando o garantismo penal em ideologia”, evidenciando a leniência do ministro com os réus, inclinado a minimizar o poder punitivo e garantir, ao máximo, a liberdade dos julgados.

– Desde o julgamento do mensalão, em meados dos anos 2000, quando sistematicamente votou em favor de políticos corruptos e corruptores, especialmente do PT, Lewandowski esgrime o discurso dos direitos e garantias individuais contra a sanha punitivista que, supostamente, encontrou nos políticos um alvo fácil – observou.

Graieb mencionou um posicionamento de Lewandowski ao site Consultor Jurídico, em que o magistrado declara pautar suas decisões pelo “respeito aos direitos das pessoas, mesmo aquelas que, por um deslize individual ou capricho do destino, passem a ser alvo da execração pública ou da perseguição por segmentos da sociedade”. E, numa declaração quase autobiográfica, o ministro, ainda que sem perceber-se confesso, pavimenta o terreno para o cronista.

– Esses eufemismos são típicos de Lewandowski. A corrupção política no Brasil não é feita de “deslizes” ou “caprichos do destino”. Ela é um fenômeno sistêmico, praticado por quem deseja ficar no poder para sempre ou apenas enriquecer – corrigiu o jornalista.

E completou:

– (…) A lei não é igual para todos no Brasil; quem tem recursos e acesso a advogados caros consegue se livrar das punições mais severas, nem que demore um pouco. Lembremos dos mais de 400 recursos apresentados pela defesa de Lula nos processos da Lava Jato – lembrou.

O advogado ressaltou a participação de Lewandowski na anulação de toda tramitação do processo de Lula.

– Lewandowski, é claro, teve papel central na anulação das condenações de Lula. Mas isso, por si só, não faria dele um ideólogo – como Kassio Nunes, que também considerou Sergio Moro parcial nas ações contra o atual presidente, não o é – observou.

– A insistência de Lewandowski em desqualificar a Operação Lava Jato completamente, como um acúmulo insanável de arbitrariedades e perseguições injustas, é o que o torna o criador de uma “falsa consciência” – disparou o colunista.

Já no fim da análise, Carlos Graieb se mostra indignado com a “troca de passes” entre o magistrado e o atual presidente, destacando que ambos se reunirão para discutir a sucessão de Lewandowski no STF. Ele condena o fato de que o “ocupante de um cargo vitalício seja consultado assim, de forma tão sem cerimônia, sobre sua própria sucessão”.

E na conclusão, o jornalista revela não saber o que o ministro dirá nesse encontro, mas, seguindo a coerência do andamento da trama, supõe que ele endossará o nome de Cristiano Zanin, “que já consta das bolsas de apostas para a sua vaga”. E finaliza com uma pergunta encharcada de sarcasmo.

– Quem melhor do que o advogado de Lula para dar prosseguimento ao seu legado?

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