Amazonas ‘rebate’ Pazuello e diz que não recusou ajuda federal
Na CPI, ex-ministro afirmou que o governador do AM negou a necessidade de intervenção federal na saúde do estado numa reunião ministerial
Pleno.News - 20/05/2021 21h23 | atualizado em 21/05/2021 11h12
O governo do Amazonas afirmou, nesta quinta-feira (20), que nunca recusou “qualquer tipo de ajuda relacionada às ações de enfrentamento à Covid-19”.
A nota foi uma resposta ao questionamento do Estadão sobre a declaração do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid de que o presidente Jair Bolsonaro descartou intervir no estado durante a crise de oxigênio, após ouvir do governador Wilson Lima (PSC) que não havia necessidade.
No seu segundo dia de depoimento, Pazuello afirmou que o governador negou a necessidade de intervenção federal na saúde do estado numa reunião ministerial com a presença de Bolsonaro. Por meio da assessoria, o governador explicou se ele havia recusado intervenção federal no estado naquela ocasião.
“Nunca houve recusa do estado a qualquer tipo de ajuda relacionada às ações de enfrentamento à Covid-19. Além disso, o governo do Amazonas sempre pediu a colaboração federal para auxiliar no combate à pandemia”, diz a nota.
O texto afirma ainda que “esse apoio foi ampliado com a instalação do Comitê de Resposta Rápida, formado por representantes do governo do estado, governo federal e prefeitura de Manaus, para enfrentar a crise que se agravou no Amazonas no início de janeiro de 2021”.
A reportagem também questionou sobre em que data o governo estadual informou Pazuello acerca da crise de oxigênio.
“A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) informou ao Ministério da Saúde sobre o assunto no dia 7 de janeiro. A comunicação foi feita por telefone, ao ministro Eduardo Pazuello”, afirmou, por escrito, o governo do Amazonas.
Na CPI, Pazuello sustentou que só foi comunicado do problema no dia 10 de janeiro, em reunião presencial com as autoridades de Manaus.
Após o envio da nota, a reportagem voltou a questionar diretamente o governador se ele recusou a intervenção federal, como disse Pazuello. Wilson Lima só respondeu de novo por meio de sua assessoria. Disse que dará declarações sobre o temas apenas se for chamado a depor na CPI para não “antecipar discussões”.
A assessoria do governador, então, reiterou a nota.
– Não houve recusa do governo estadual de qualquer ajuda do governo federal desde o início de casos de Covid no Amazonas – ao ser questionada pela segunda vez se estavam se referindo à intervenção.
A intervenção federal foi solicitada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), em 15 de janeiro. Na época, o esgotamento do estoque de oxigênio medicinal levou o sistema de saúde da região a um colapso. Pacientes com a Covid-19 morreram por falta do insumo.
– Essa decisão não era minha – afirmou o general ao ser questionado por Braga sobre o motivo de o governo federal não ter assumido a gestão da crise.
E continuou.
– Na reunião ministerial, o governador (Wilson Lima) foi chamado, apresentou sua posição, e houve uma decisão nessa reunião de que não seria feita a intervenção. O presidente da República estava presente. A decisão foi tomada nessa reunião – disse Pazuello, sem especificar a data do encontro.
No depoimento, Pazuello buscou transferir para o governo do Amazonas e para a fornecedora de oxigênio hospitalar, a White Martins, as responsabilidades pela falta do produto.
Questionado sobre o papel do governo Bolsonaro no episódio, o ex-ministro alegou que foram tomadas todas as providências tão logo o problema foi comunicado.
– A empresa já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara desde o início. Começa aí a primeira posição de responsabilidade. Não tem como nós isentarmos essa primeira posição. O contraponto disso é o acompanhamento da secretaria de saúde, que não o fez. Se a secretaria de saúde tivesse acompanhado, de fato e de perto, a situação da produção e consumo do oxigênio, preocupada com o aumento do oxigênio, teria descoberto que estava sendo consumida uma reserva estratégica e que medidas precisariam ser feitas imediatamente – apontou o ex-ministro.
Em nota, a White Martins afirmou que, ainda em meados de 2020, informou à secretaria de saúde do Amazonas que o volume de oxigênio consumido era significativo. No entanto, “não tem o dever de fazer a gestão da saúde pública”.
“Como uma mera fornecedora, a empresa não tem dever ou qualificação técnica para fazer a gestão da saúde pública. Apesar disso, a empresa informou à secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, em julho e setembro de 2020, que o volume de oxigênio consumido pelas instituições de saúde já estava superior ao pactuado. Em 7 de janeiro de 2021, após ter detectado o aumento exponencial do consumo de oxigênio na região e da ausência de resposta sobre a previsão de demanda, a empresa comunicou à Secretaria de Saúde a necessidade de esforços adicionais e da contratação de outros fornecedores para aumentar a disponibilidade de produto, dada a demanda descontrolada e acima da capacidade de produção local da empresa”, informou a empresa.
*Estadão
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