Alexandre de Moraes determina liberdade provisória a Torres
Ministro ordenou que o réu seja afastado do cargo de delegado da Polícia Federal
Marcos Melo - 11/05/2023 17h48 | atualizado em 11/05/2023 18h47

Nesta quinta-feira (11), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a liberdade provisória do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso no 4º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) desde 14 de janeiro deste ano.
– No presente momento da investigação criminal, as razões para a manutenção da medida cautelar extrema em relação a Anderson Gustavo Torres cessaram, pois a necessária compatibilização entre a Justiça Penal e o direito de liberdade demonstra que a eficácia da prisão preventiva já alcançou sua finalidade, com a efetiva realização de novas diligências policiais, que encontravam-se pendentes em 20/04/2023 – escreveu Moraes na decisão.
Na decisão, o magistrado ordenou que o réu seja afastado do cargo de delegado da Polícia Federal, até que haja novo parecer do STF.
O ministro determinou que Torres se apresente no prazo de 24 horas no Juízo da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal e que retorne semanalmente, às segundas-feiras. Também proibiu que o réu deixe o país e ordenou que entregue seus passaportes à Justiça em 24 horas, além de impor o cancelamento de todos os passaportes emitidos pela República Federativa do Brasil em seu nome.
Além das medidas já relacionadas, o acusado deverá utilizar o dispositivo de monitoramento eletrônico, a famigerada tornozeleira. Anderson Torres também não poderá portar arma de fogo, nem fazer uso de redes sociais, ou estabelecer qualquer comunicação com outros envolvidos no inquérito.
A defesa de Torres entrou com pedido de liberdade ao Juízo e expôs a situação familiar do acusado.
– Após a decretação da custódia cautelar do requerente, suas filhas, infelizmente, passaram a receber acompanhamento psicológico, com prejuízo de frequentarem regularmente a escola. Acresça-se a isso o fato de a genitora do requerente estar tratando um câncer. O postulante, de seu turno, ao passo que não vê as filhas desde a sua prisão preventiva, entrou em um estado de tristeza profunda, chora constantemente, mal se alimenta e já perdeu 12 quilos – afirmaram os advogados.
A PRISÃO
Torres era o ocupante do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, mas estava nos Estados Unidos quando aconteceram os atos em Brasília, no dia 8 de janeiro, que resultaram na invasão e depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.
Moraes emitiu ordens de prisão preventiva tanto contra Torres quanto contra o ex-comandante da PM do Distrito Federal Fábio Augusto Vieira. Na decisão em que ordenou as detenções, Moraes justificou a medida com a alegação de que o comportamento dos dois colocava em risco a segurança de autoridades.
Logo que tomou conhecimento da decisão que determinou sua prisão, o ex-ministro da Justiça falou sobre o caso e negou qualquer ato de conivência com o vandalismo praticado contra os prédios públicos na capital federal.
Leia também1 Depoimento de Torres implica ex-número 1 da PF e delegada
2 Rodrigo Roca deixa a defesa de Mauro Cid; entenda o caso
3 Torres diz à PF que não interferia nas operações da PRF
4 Após visita, senadores dizem que Torres "chora o tempo todo"
5 PF poderá cortar salário de Anderson Torres como delegado