Alckmin sobre MST: Trabalho sério que pouca gente conhece
Declaração é dada no momento em que o governo busca se reconciliar com movimento
Pleno.News - 13/05/2023 20h56 | atualizado em 15/05/2023 13h26

Ao visitar uma feira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na cidade de São Paulo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), elogiou o trabalho feito nos acampamentos e assentamentos do movimento e sugeriu não ser papel da Câmara dos Deputados investigar invasões de terra promovidas pelos sem-terra, por meio uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
– O governo do presidente Lula, todos nós, defendemos a reforma agrária. Ela é importante – declarou Alckmin a jornalistas presentes na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que termina neste domingo (14), no Parque da Água Branca, na capital paulista.
– As pessoas têm a oportunidade de vir aqui, comprar produtos saudáveis e melhorar a renda de quem trabalha – elogiou Alckmin.
Diferentemente do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que subiu ao palco principal do evento e discursou ao lado de outros representantes do governo federal e de lideranças de movimentos sociais, o vice-presidente apenas circulou entre os stands, conferindo os produtos expostos e atendendo aos pedidos para tirar fotos com simpatizantes.
– Eu sempre venho às feiras [do MST]. A primeira vez foi em 2013, quando eu era governador. Havia uma resistência quanto a eles [sem-terra] usarem o Parque da Água Branca. Nós autorizamos e eu vim – disse Alckmin, que quando governador de São Paulo chegou a dizer que apoiaria a reforma agrária no estado, mas não a invasão de propriedades públicas ou privadas.
O vice-presidente acrescentou que a feira é importante para mostrar o “trabalho que pouca gente conhece”.
– Um trabalho sério – disse ele.
CPI
Atualmente, o vice-presidente negou que as ocupações de terras que o MST promoveu em todo o país ao longo do mês passado tenha impactado as relações do governo federal com o movimento. Ele também contestou a decisão da Câmara dos Deputados de criar uma CPI para investigar o MST e as invasões de terras no país.
– Sou muito cauteloso com essa história de CPI. O trabalho do legislativo é legiferante [ou seja, legislar], não policialesco. Sou muito cauteloso em relação a qualquer CPI. Acho que já há muitos órgãos de fiscalização: TCUs (tribunais de contas), MP (ministério público), Controladoria, Corregedoria. A função precípua [dos deputados e senadores] é legislar bem, aperfeiçoar o modelo legislativo, aprofundar o debate de questões complexas como a reforma tributária, que não é uma situação simples. Você tem que estudar, ouvir bastante. Ou a ancoragem fiscal, [sobre a qual é preciso] aprofundar [a discussão], comparar como outros países fizeram, onde foi bem-sucedido – acrescentou Alckmin.
Mais incisivo, o ministro Paulo Teixeira criticou a oposição pela instalação da CPI.
– Querem investigar o MST? Querem criar uma CPI para isso? Acho que vão achar coisas interessantes. Vão ver que, ali [nos acampamentos e assentamentos do movimento], tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxicos. Vão encontrar soja não transgênica – afirmou, referindo-se a alguns dos produtos produzidos pelo MST.
*Agência Brasil
Leia também1 Haddad vira garoto-propaganda de fubá em feira do MST
2 MST diz que foi vetado de evento com Lula na Bahia
3 Líder do MST diz que governo Lula está "meio medroso"
4 Viagem de Arthur Lira atrasa instalação de CPI do MST, diz site
5 Pesquisa: Número de invasões de terra é o maior em sete anos