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“O tiro me impulsionou para frente”, diz grávida baleada

Depois de receber alta do hospital, Michelle conta, ao lado do marido, sobre tudo o que passou após levar um tiro na cabeça

Virgínia Martin - 25/01/2018 12h54 | atualizado em 25/01/2018 13h55

Quando o Brasil inteiro viu a luta pela vida na família de Wallace, Michelle e Antônio, sequer fazia ideia de que por trás desses protagonistas havia uma interessante história de amor e dependência de Deus. No dia 13 de janeiro, uma tentativa de assalto mudou a vida do casal. Michelle, grávida de oito meses, foi baleada na cabeça. Socorrida, passou por duas cirurgias simultâneas: cesárea e craniana. Durante duas semanas, brasileiros dos mais variados segmentos acompanharam o drama. Michelle e o filho Antônio sobreviveram. O esposo e pai, Wallace, manteve-se firme na fé e na esperança. Os três tornaram-se foco de interesse da mídia, foram motivo de oração, mobilizaram centenas de pessoas em campanha para doação de sangue. E passam bem.

Nesta quinta (24), quando Michelle recebeu alta do Hospital de Clínicas Mario Leoni, em Duque de Caxias, o Pleno.News esteve com ela no quarto 605, pôde conhecer seus familiares e fazer uma entrevista exclusiva com marido e esposa, casados há oito anos, membros da Igreja Cristã Nova Vida.

Passar por esse difícil episódio de desafio e fé também demonstrou a força da união de vocês. Então, contem como se conheceram.
Wallace – A história é interessante porque, primeiro, eu pedi a Michelle em casamento e não em namoro. Resultado? Ela ficou sem falar comigo durante um mês, disse que não sabia de onde eu havia tirado aquela ideia. Mas foi pedir orientação a Deus, que confirmou. (risos)

Michelle – Depois de orar e ouvir Deus, eu disse a ele que a gente precisava se conhecer. Passamos seis meses conhecendo um ao outro, sem namorar. Depois decidimos nos casar e aqui estamos juntos.

Depois de um casamento que veio da vontade de Deus, da vinda de um filho, o que percebem sobre o que aconteceu sob o ponto de vista espiritual?
Wallace – O que sempre senti, em meu coração, é que Deus nunca tirou a mão de minha família, independentemente do final. Hoje fico muito feliz porque, pela graça e misericórdia de Deus, foi o final que eu pedi. A graça é um favor imerecido. E eu recebi um favor que não mereço. Mas a boa mão de Deus esteve sempre conosco. E mesmo que o final fosse outro, a mão Dele continuaria sobre nós.

Quando Michelle caiu baleada, o que veio em sua mente naquele instante?
Wallace – Achei que ela estivesse morta e cheguei a falar isso para os assaltantes. Quando vi que ela respirou forte e abriu os olhos, parecia que Deus tinha dado um novo fôlego de vida. A partir daí, agilizei o socorro para o hospital, embora pensando que no dia seguinte, ela poderia estar sendo enterrada.

Outra coisa surpreendente foi que os assaltantes fugiram e eu imediatamente fui ligar o carro para levá-la. O motor não pegou na primeira nem na segunda nem na terceira tentativa, quando acionei a ignição. Foi apenas na quarta vez que o motor funcionou. E, depois com calma, analisei que foi providência divina, já que os assaltantes poderiam achar que eu estivesse indo atrás deles com toda aquela pressa, buscando me vingar por ela estar morta. E poderiam ter usado o fuzil contra mim. Mas Deus segurou o carro, que sempre pegou no primeiro giro da chave.

Diante de tantas notícias no hospital, como você ia percebendo Deus?
Wallace – Eu só ouvia informações negativas: os dois vão morrer ou vão vegetar, depois vão ficar paraplégicos etc. A única coisa que precisei fazer foi crer em Cristo. E falava para todos que quem iria dar a última palavra na vida da minha família era Deus, mais ninguém. Eu estava ali totalmente incapaz. Foi hora de me agarrar com meu Deus.

Algumas vez, pensaram: “Deus, por que eu?”.
Wallace – Não! O que eu perguntei foi: “Deus, por que com ela e não comigo?”. Que a bala viesse para mim e não para ela. Ela estava grávida e poderia prosseguir cuidando de nosso filho. Por que não foi comigo? Mas uma amiga de trabalho me disse algo fundamental: “Deus escolhe pessoas especiais para viver milagres extraordinários. E Ele escolheu a Michelle”. Ali eu me calei. Pronto! Estava explicado. Basta ver os exemplos na Bíblia. Até agora, ninguém sabia que eu havia me feito esta pergunta.

Wallace também raspou a cabeça em sinal de comunhão e apoio a esposa que perdeu os cabelos que tanto gostava.

Como tem encarado a reação das pessoas diante do drama de vocês?
Wallace – Pude sentir uma união muito grande do povo de Deus. Tive o privilégio de ver uma corrente do bem funcionando. O apoio veio não apenas de quem é evangélico, mas de pessoas de todos os credos, inclusive da imprensa. Recebi mensagens de pessoas da Umbanda que disseram que estavam orando pela Michelle. Veio gente aqui no hospital para orar. Minha empresa também jejuou. Meus pastores, Jorge Duarte e Adriano Conceição, disponibilizaram uma van para levar as pessoas para doar sangue. Ou seja, Deus tem como atuar da forma Dele. E Seus ouvidos estão atentos. A luta ainda não acabou. Antônio ainda está no hospital e vamos continuar em oração. Eu só tenho que agradecer a todos!

Fale sobre você ter raspado sua cabeça como resultado de uma promessa que fez a Michelle.
Wallace – Certa vez, estava com ela dando notícias sobre o Antônio e ela me olhou triste, dizendo que tinham raspado a cabeça dela. E Michelle sempre gostou do seu cabelo. Daí eu fiz uma brincadeira para descontrair. Comentei que eu também poderia raspar meu cabelo. Ela olhou para mim com um sorriso largo e disse: “eu topo”. Quando vi a alegria no rosto dela, não tive dúvida. Fui cumprir minha palavra e abri mão do meu cabelo, que eu também gostava tanto. (risos)

O trabalho da Michelle na igreja é justamente no ministério de intercessão. Como foi viver essa inversão de papéis? Passar a ser o alvo de todas as orações.
Michelle – Foi espetacular. Deus sabe de todas as coisas. O milagre operado em mim aprouve ao Senhor. E eu não vou parar de orar e de interceder na igreja. Por três vezes, eu experimentei o milagre da vida; porque eu nasci também prematura. Nasci com seis meses e três semanas. E agora vejo o milagre na minha vida e na vida de meu filho. Portanto, eu sei que Deus tem um propósito em nossas vidas.

E se o final dessa história fosse outro?
Michelle – Eu continuaria firme e forte porque “se Deus fizer, Ele é Deus, se não fizer, Ele é Deus”, como diz a música do Delino Marçal. Deus é maravilhoso e eterno. E eu já tenho até vontade de contar minha história em um livro, que vai ter como título “PAF: um tiro mudou minha história!”. Porque PAF quer dizer “projétil de arma de fogo”. Depois do coma, acordei pensando nisso.

Wallace – Conheço a fé inabalável dela e sei que ela continuaria. Certa vez, no hospital ela me disse pausadamente “o tiro me impulsionou para frente”. Eu estranhei aquela fala. E ela confirmou e ainda acrescentou: “porque eu tenho que fazer aquilo que Deus me chamou para fazer”.

O que vocês pensam dos homens que assaltaram vocês e fizeram isso?
Michelle – Deus é o justo juiz. É ele quem julga e faz a justiça. Eu já perdoei.

Wallace – Com certeza, não é Deus que veio para matar, roubar e frustrar o sonho das pessoas. Mas Ele usou essa situação toda para mostrar que Ele é vitorioso sobre tudo. E, da mesma forma, como eu acreditei que um dia a Michelle e o Antônio iriam sobreviver, eu acredito que um dia essa pessoa que atirou em minha esposa irá pedir perdão a ela pela agressão que ela recebeu. Pode ser daqui a 20 ou 30 anos, mas eu verei isso, não sei de que forma ou como será. Mas Deus é quem sabe de tudo e é Ele quem poderá agir na vida desses dois homens. Assim como tem agido na vida de tanta gente. Sei de pessoas que voltaram para Deus depois de saber de toda nossa história. A glória seja dada somente ao nosso Deus.

 

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