O que significa a bandeira da Ucrânia em apoio a Bolsonaro
Autoridades negam que seja símbolo neonazista
Gabriela Doria - 01/06/2020 18h51 | atualizado em 01/06/2020 19h33
A última grande manifestação em favor do presidente Jair Bolsonaro, que aconteceu neste domingo (31), em São Paulo, ganhou repercussão por causa do uso de uma bandeira original da Ucrânia. O novo símbolo vermelho e preto traz ao centro o que parece um tridente branco, semelhante ao brasão da bandeira da Ucrânia.
O objeto gerou críticas pela oposição por supostamente estar associado a grupos neonazistas. No entanto, o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, explicou que trata-se de uma “bandeira histórica” no país.
– Essa bandeira rubro-negra é uma bandeira histórica que significa a terra fértil da Ucrânia, com a faixa negra, e [a vermelha] o sangue que ucranianos durante séculos derramaram na luta pela nossa soberania, liberdade e independência – disse à CNN Brasil.
Ainda segundo ele, o tridente simboliza a santíssima trindade cristã introduzida no país pelo príncipe Vladimir, do século 10, responsável por levar o cristianismo à Ucrânia.
– Eu gostaria de lembrar que no ano de 2015, o Parlamento da Ucrânia aprovou a lei que proíbe o uso de símbolos tanto nacional-socialistas, nazistas, como símbolos comunistas. Essa lei tem a lista das bandeiras e símbolos de duas ideologias que são proibidas. Essa bandeira rubro-negra não está nessa lista, mais uma vez, é uma bandeira histórica – completou o embaixador.
O que causou polêmica, no entanto, é que um grupo de extrema-direita que surgiu na Ucrânia em 2013 se apropriou do símbolo para dar identidade a seus ideais. O movimento Pravy Sektor (Setor Direito, em tradução livre), defende pautas como o ultra-nacionalismo, o conservadorismo e a ideia de “nação única”.
O movimento atuou com força em 2014 para a queda do então presidente Viktor Yanukovych, que saiu do poder após intensas manifestações populares. O grupo também se organizou em forma de partido político no país.
E é deste movimento que participa o homem que estava usando a bandeira no ato pró-Bolsonaro deste domingo. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o instrutor de segurança Alex Silva, de 46 anos, contou que mora na Ucrânia desde 2014. Ele estava no Brasil quando a pandemia estourou, o que impediu seu retorno.
Ele conta que a bandeira “não tem nada de nazista” e repudia os ataques que os manifestantes sofreram de torcidas organizadas na avenida Paulista.
– A gente sempre vai de uma maneira ordeira, pacífica, sem quebra-quebra, sem vandalismo. O máximo que a gente faz é vaiar os caras que nos chamam de gado. Eles são terroristas, não são pró-democracia coisa nenhuma – acusou.
Leia também1 Bandeira da Ucrânia usada em ato não é símbolo neonazista
2 Sara Winter recebe intimação para depor e diz: "Eu não vou!"
3 Damares repudia fakes que ligam Bolsonaro ao nazismo
4 Bolsonaro pede que atos de apoio sejam evitados no dia 7
5 Bolsonaro defende classificar Antifa como grupo terrorista