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O que se sabe sobre caso do jovem que morreu após peeling de fenol

Dona de clínica estética foi ouvida pela Polícia Civil nesta quarta-feira

Pleno.News - 05/06/2024 17h10 | atualizado em 05/06/2024 18h10

Henrique Silva Chagas Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A polícia civil de São Paulo está investigando a morte de Henrique Silva Chagas, de 27 anos, após a realização de um peeling de fenol na última segunda-feira (3). O procedimento foi feito em uma clínica de estética localizada na Zona Sul da capital paulista e, agora, o caso está sendo investigado como homicídio. A polícia aguarda resultados de exames para determinar a causa da morte do empresário.

A esteticista Natalia Becker, dona do estabelecimento, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (5), após ser procurada pela polícia por dois dias. De acordo com boletim de ocorrência, ela deixou o local logo após a confirmação do óbito.

O caso é apurado pelo 27º Distrito Policial (Campo Belo). Nesta terça (4), a clínica da influencer foi interditada e multada pela Vigilância Sanitária Municipal por exercer procedimentos em desacordo com a legislação vigente. Segundo funcionários, o “peeling de fenol” era realizado corriqueiramente no local.

Natalia Becker Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

O procedimento, que consiste na aplicação de um ácido no rosto, é considerado invasivo e deve ser feito por médico especialista, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

– A pele tem características e respostas individuais, e as reações imprevisíveis ocorrem com relativa frequência – diz parecer da entidade publicado em 2016.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta que o procedimento deve ser realizado em ambiente hospitalar com monitoramento cardíaco, já que a substância é tóxica e pode causar arritmias no paciente. Pelo mesmo motivo, são necessários exames para verificar a saúde do coração, como eletrocardiograma.

De acordo com o marido de Natalia, tais exames não eram exigidos dos pacientes da clínica. O preparo, segundo ele, consiste somente na limpeza do rosto e aplicação de anestésico antes do fenol.

Segundo o companheiro de Chagas, a vítima queria limpar manchas na pele e vinha pesquisando havia alguns meses sobre o procedimento O empresário era de Pirassununga, no interior de São Paulo, onde será velado e sepultado nesta quinta (6).

Henrique lutava contra acne Foto: Reprodução/Instagram

A polícia ainda aguarda resultados de exames para determinar a causa da morte do empresário, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública.

O QUE É O PEELING DE FENOL?
O peeling, no geral, é um procedimento dermatológico no qual é provocada a troca de pele. Isso pode acontecer por meio de métodos físicos, como uso de equipamentos, ou a partir da aplicação de substâncias químicas, a exemplo de ácido salicílico, ácido glicólico e o próprio fenol.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-SP), o peeling pode ser superficial, médio ou profundo, conforme a camada da pele atingida.

Os peelings de fenol são os mais agressivos, pois conseguem atingir as camadas mais profundas da pele. Eles são indicados para o tratamento do envelhecimento facial severo, com rugas profundas e alterações avançadas de textura da pele, como cicatrizes de acne profunda. Nesse procedimento, há maior risco de complicações e o tempo de recuperação também é mais longo, necessitando que o paciente se afaste por um tempo de atividades habituais.

QUANTO TEMPO DURA UMA SESSÃO?
De acordo com a SBD-SP, o tempo estimado de duração da aplicação do peeling de fenol é de duas a três horas.

A dermatologista Leticia Oba, assessora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que, quando o procedimento é realizado no rosto inteiro, divide-se a face em áreas anatômicas específicas, como testa, área dos olhos, nariz, queixo e bochechas. A aplicação da substância é feita por região, com intervalos de 15 minutos entre cada área para permitir a metabolização do fenol, evitando que ocorra uma reação tóxica.

CUIDADOS ANTES DE FAZER
Antes de realizar qualquer tipo de procedimento, a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que o paciente procure um dermatologista para avaliar a pele e verificar a melhor indicação de tratamento. Ele é o profissional capacitado para orientar sobre os cuidados necessários para evitar futuras complicações.

O procedimento exige precauções, pois faz uso de um composto tóxico absorvido pela pele, penetrando também na corrente sanguínea. É potencialmente capaz de produzir complicações, como cicatrizes, alteração da coloração da pele, infecções e problemas cardíacos imprevisíveis, independentemente da concentração, do modo de aplicação e da profundidade atingida na pele.

HÁ CONTRAINDICAÇÕES?
Antes de fazer o peeling de fenol, o paciente precisa realizar alguns exames. De acordo com Elisete Crocco, coordenadora do departamento de cosmiatria da SBD, é necessário checar a saúde do coração por meio de eletrocardiograma, por exemplo. Isso porque durante a aplicação do fenol pode acontecer algum tipo de arritmia no paciente.

– As contraindicações são principalmente para pessoas que tenham problemas renais ou cardíacos, pacientes com pele muito morena ou que não possam ficar afastados durante muitos dias das suas atividades laborais, porque o período de recuperação é grande – explica a médica.

Ainda segundo a SBD, os peelings químicos não devem ser realizados se houver exposição solar, na gravidez, se existir alguma ferida aberta no local a ser tratado, se a pessoa estiver sob estresse físico e mental ou apresentar hábito de cutucar a pele.

COMO É O PÓS-PROCEDIMENTO?
Os médicos da SBD-SP alertam que, mesmo com o uso de analgesia, há sempre um certo nível de dor durante o procedimento. O paciente sente uma forte sensação de queimação imediatamente após a aplicação da substância, mas que é rapidamente substituída por alívio (devido aos analgésicos). Cerca de 20 minutos depois, a sensação de ardor volta e pode durar em média oito horas, período em que a dor deve ser gerenciada.

Letícia explica que, imediatamente após a aplicação, um curativo especial deve ser colocado no rosto do paciente, pois a pele é removida e forma-se uma crosta que cai em aproximadamente sete dias. Segundo ela, após o método, a pele fica completamente exposta, como se estivesse em carne viva, necessitando de cuidados intensivos.

– Antigamente, utilizava-se esparadrapo, mas, hoje, é aplicado um curativo que forma uma espécie de casca protetora enquanto a pele cicatriza por baixo. Quando a crosta cai, a nova pele é rosada e extremamente sensível, uma condição que pode persistir por até seis meses. Esse peeling exige muito cuidado e conhecimento tanto na sua aplicação quanto na indicação – reforça.

A SBD deixa claro que, quando bem indicados e adequadamente conduzidos, os peelings de fenol produzem resultados incomparáveis a qualquer outro método esfoliativo químico, mecânico ou a laser, oferecendo um resultado intenso de renovação da pele e estímulo de colágeno, reduzindo rugas superficiais e profundas, além de manchas na pele.

No entanto, a entidade faz questão de frisar que o procedimento sempre deve ser realizado por um médico, em centro cirúrgico e sob monitoramento constante de um anestesista. Além disso, é essencial verificar as condições cardíacas do paciente ao longo do processo.

*Com informações AE

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