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Marinha: Extensão do dano causado pelo óleo é “inédita”

Litoral do Nordeste sofre com vazamento de petróleo

Gabriela Doria - 08/10/2019 20h02 | atualizado em 08/10/2019 20h32

Manchas de óleo que atingem o Nordeste Foto: Tamar/João Arthur

Responsável pelas investigações sobre a origem do óleo que atinge praias em toda a região Nordeste, a Marinha informou nesta terça (8) que conta com cinco navios e uma aeronave para patrulhar a região em busca das causas do vazamento. O esforço envolve 1.583 homens e conta também com embarcações e viaturas das Capitanias dos Portos estaduais.

Segundo a Marinha, entre as hipóteses investigadas estão naufrágio ou derramamento acidental do petróleo. Por outro lado, são consideradas remotas as possibilidades de vazamento de petróleo do subsolo ou lavagem de tanque em navios, diante do volume de óleo recolhido nas praias atingidas.

A Marinha abriu um inquérito para investigar a ocorrência, que classificou como “inédita”, já que “atinge grande parte de nosso litoral”. A Polícia Federal vem atuando na área criminal e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) coordena os trabalhos de recolhimento das borras de petróleo.

Os primeiros relatos da presença de óleo na região foram confirmados no dia 2 de setembro, mas até agora sua origem permanece um mistério. De acordo com o Ibama, 132 localidades em nove estados já foram atingidas. Em seu último boletim, o instituto contabiliza dez animais mortos por contato com o óleo.

De acordo com a Marinha, as investigações incluem inspeções ao longo da costa, patrulha naval nas áreas com poluição mais recente e análises do tráfego mercante com o monitoramento de navios que passaram por águas jurisdicionais brasileiras.

– Nesse processo, são analisados os dados do tráfego marítimo, as informações de patrulha de navios e aeronaves da Marinha Brasileira, simulações computacionais sobre as influências de corrente no Atlântico Sul e análise dos perfis químicos dos resíduos coletados – disse, em nota, a Marinha.

As investigações do Centro Integrado de Segurança da Marinha (Cismar) identificaram a presença de 140 navios-tanque durante o mês de agosto na área analisada, que tem 36 milhas náuticas quadradas. Aquelas que possuíam carga com características compatíveis com petróleo cru foram notificadas a prestar esclarecimentos.

As investigações já confirmaram que se trata de petróleo cru e não de combustíveis. Análises feitas pelo Ibama com amostras recolhidas em diferentes praias indicam que a origem é a mesma. Maior produtora do país, a Petrobras afirma que as características do óleo encontrado não são equivalentes aos tipos de petróleo que a empresa produz.

Na segunda (7), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo “tem no radar” um país onde esse tipo de óleo poderia ter sido produzido. A reportagem apurou que análises feitas pela Petrobras encontraram características semelhantes ao petróleo venezuelano.

As circunstâncias da contaminação intrigam autoridades e especialistas no setor de petróleo, diante da extensão da área atingida (entre o litoral norte da Bahia e o Maranhão), e do aparecimento de novas manchas mais de um mês depois das primeiras ocorrências.

Neste momento, a hipótese considerada mais provável é que o óleo tenha vazado de um navio que passava ao largo da costa brasileira. Mas o presidente Bolsonaro afirmou nesta terça não descartar ação criminosa.

– É um volume que não está sendo constante. Se fosse um navio afundado, estaria saindo ainda óleo – afirmou, na saída do Palácio da Alvorada.

Segundo ele, as investigações sobre a origem estão são “reservadas” e nenhum país será acusado para evitar problemas caso as primeiras informações não se confirmem.

Em nota, o Ibama afirmou que “permanece atento às novas áreas com presença de óleo, realizando as vistorias e orientações necessárias”.

Na segunda (7), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que 100 toneladas de resíduos com óleo já haviam sido recolhidas nas praias atingidas.

*Folhapress

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