Lula diz que “errou” ao acolher o terrorista Cesare Battisti
Petista disse que ficou "frustrado" com o italiano
Pleno.News - 21/08/2020 14h29 | atualizado em 21/08/2020 14h32

O ex-presidente Lula afirmou em um programa de debates que se arrependeu de ter defendido o ex-terrorista Cesare Battisti. No último dia de seu mandato, o petista concedeu asilo ao italiano, que foi preso na Bolívia em janeiro de 2019 e extraditado para a Itália, onde cumpre prisão perpétua.
– Hoje, acho que, assim como eu, todo mundo da esquerda brasileira que defendeu Cesare Battisti aqui ficou frustrado, ficou decepcionado. Eu não teria nenhum problema de pedir desculpas à esquerda italiana e às famílias do Battisti – disse Lula em um programa de debates da TV Democracia divulgado na quinta-feira (20) por um canal do Youtube.
O ex-presidente alegou que seu então ministro da Justiça, Tarso Genro, assim como outros líderes da esquerda brasileira, estavam convencidos da inocência de Battisti, acrescentando que o italiano enganou “muita gente no Brasil”.
– Não sei se enganou muita gente na França, mas na verdade muita gente achava que ele era inocente. Nós cometemos esse erro, pediremos desculpas – declarou Lula, que lamentou que o caso tenha “comprometido” suas boas relações com o governo italiano e “com toda a esquerda italiana e a esquerda europeia”.
Genro já havia cobrado uma autocrítica do Brasil depois que Battisti admitiu em março de 2019 a participação em quatro homicídios cometidos no final dos anos 1970, quando era expoente de um dos tantos grupos armados da esquerda (havia também os de direita) que se insurgiram contra o Estado.
Após a prisão do ex-terrorista, Lula foi alvo de um aliado histórico, o ex-presidente italiano Giorgio Napolitano, ícone da centro-esquerda e que conhece o petista desde os anos 1980.
Battisti driblou a Justiça de seu país de 1981 até 14 de janeiro de 2019, quando retornou preso após viver no México, na França e no Brasil. Aos 65, ele está isolado num presídio de segurança máxima na ilha da Sardenha.
A TRAJETÓRIA DE CESARE BATTISTI
Luta armada
Na década de 1970, envolve-se com grupos de luta armada de extrema esquerda. Entre 1977 e 1979, o grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), ao qual ele era ligado, comete os assassinatos do agente penitenciário Antonio Santoro, do joalheiro Pierluigi Torregiani, do açougueiro Lino Sabadin e do agente policial Andrea Campagna. Battisti é condenado pelos crimes.
Fuga 1
Na década de 1980, foge da Itália e passa a maior parte do tempo no México. É condenado à prisão perpétua pela Justiça italiana, acusado de quatro homicídios.
França
Na década de 1990, exila-se em Paris (França), protegido por legislação do governo Mitterrand.
Chegada ao Brasil
Chega ao Brasil em 2004, fugido da França, onde morava. Em 2007, é detido no Rio
Refúgio
Em 2009, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, lhe concede refúgio político
Anulação
Em novembro de 2009, STF anula o status de refugiado
Lula
Em dezembro de 2010, no último dia de mandato como presidente, Lula garante a permanência de Battisti no Brasil
Fronteira
Em 2017, o italiano é preso por evasão de divisas em Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, ao transportar cerca de R$ 23 mil não declarados
Temer
Em 2018, presidente Michel Temer revoga a condição de refugiado, mas aguarda decisão do STF sobre habeas corpus preventivo para extraditá-lo
Fuga 2
Em dezembro do mesmo ano, STF determina a prisão. Temer autoriza a extradição para a Itália, mas Battisti não é encontrado pela PF
Extradição
Italiano é preso na Bolívia, em 12 de janeiro de 2019, e extraditado para a Itália no dia seguinte
Confissão
Em março de 2019, preso na Itália, Battisti admite pela primeira vez ter atuado como mandante de dois assassinatos e como perpetrador dos outros dois
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