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Em entrevista, Lula defende ditador venezuelano

Petista também elogiou Evo Morales e disse que Juan Guaidó deveria ser preso

Pleno.News - 04/03/2020 16h54 | atualizado em 04/03/2020 17h00

Lula e Nicolás Maduro, durante encontro, em 2013 Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e atacou Juan Guaidó, líder da oposição que se proclamou presidente interino do país.

Em entrevista ao UOL, realizada em 21 de fevereiro, em São Paulo, e publicada nesta semana, Lula disse que “a Europa e os Estados Unidos não poderiam ter reconhecido um farsante que se autoproclamou presidente [Guaidó]”.

– Não é correto, porque se a moda pega a democracia é jogada no lixo e qualquer picareta pode se autoproclamar presidente, sabe. Eu poderia agora me autoproclamar presidente do Brasil, sabe, mas e a democracia, onde vai? Quem está tomando a iniciativa de conversar é o Maduro, não é o Guaidó. O Guaidó gostaria, na verdade, até tentou forçar, que os americanos invadissem a Venezuela. Ele deveria ter sido preso, e o Maduro foi tão democrático e não prendeu quando ele foi para a Colômbia tentar instigar a invasão da Venezuela – disse o petista.

Em abril de 2019, Guaidó tentou liderar a entrada de ajuda humanitária estrangeira na Venezuela, que foi barrada pelo governo Maduro. O líder da oposição não conseguiu furar o bloqueio militar, e a operação acabou frustrada.

Guaidó é reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo o Brasil, mas até hoje não conseguiu assumir o governo nem realizar ações efetivas.

Questionado se Maduro era um democrata, Lula respondeu que o ditador foi eleito democraticamente.

– Se ele está fazendo um bom governo ou não, são outros 500. Agora, você não dá golpe em todos os países que não estão bem. Não dá para gente fazer crítica ao Maduro e não fazer crítica ao bloqueio. O bloqueio não ataca soldado, não mata culpado, o bloqueio mata inocentes – afirmou, em referência às sanções econômicas aplicadas pelos EUA ao país.

Lula também defendeu Evo Morales, ex-presidente da Bolívia que renunciou sob pressão dos militares em outubro, após tentar um quarto mandato em uma eleição cuja apuração teve denúncia de fraude. Questionado sobre os problemas da eleição, Lula deu exemplos de outros países e criticou a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil.

– A [eleição] de George Bush não foi complicada contra o Al Gore? Foi complicada, o Bush tomou posse e governou oito anos. A do Trump não foi complicada? Foi complicada, ele tomou posse. A do Bolsonaro não foi complicada? Todo mundo sabe a farsa do fake news – afirmou.

*Folhapress

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