Gabriela Doria - 19/03/2019 18h27 | atualizado em 19/03/2019 18h51

O ex-deputado Jean Wyllys, que abriu mão do mandato alegando estar sob ameaças, apontou o presidente Jair Bolsonaro como responsável por sua rejeição por parte da população brasileira.

– [O governo fez] uma campanha difamatória contra mim com fake news, calúnias que tornavam os espaços todos vulneráveis. Jair Bolsonaro me tornou uma espécie de inimigo, mas não era adversário político, era inimigo dele – analisa Jean, em entrevista à Agência AFP, em Paris.

O ativista também justifica a saída do Brasil e o abandono do mandato às vésperas de assumir o cargo na Câmara dos Deputados.

– Eu recebia ameaças de morte por telefone, pelas redes sociais, por e-mail. Começaram, inclusive, a me ameaçar nas ruas – contou o baiano de 45 anos.

Apesar disso, Wyllys afirma que o assassinato da vereadora e amiga Marielle Franco, há pouco mais de um ano, foi decisivo para sua mudança.

– Depois do assassinato da Marielle, o cálculo de risco apontou que eu corria risco de vida. O então presidente da Câmara destacou uma escolta para me acompanhar de casa para o trabalho e do trabalho para casa. A partir daí, passei a viver em uma espécie de cárcere privado. Foi nesse momento que me dei conta de que eu não poderia assumir meu novo mandato – declarou.

Fora do Brasil há pouco mais de dois meses, Jean Wyllys tem vivido entre Barcelona e Berlim e ainda não sabe dizer quando retornará.

– Eu não sei quanto tempo vou ficar fora porque não sei quanto tempo vai durar a noite no Brasil – declarou, fazendo referência ao governo de Jair Bolsonaro.

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