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Guilherme de Pádua defende Bolsonaro e provoca polêmica

Ex-ator é assassino confesso da atriz Daniella Perez, filha de Glória Perez

Pleno.News - 25/05/2020 15h10 | atualizado em 01/09/2020 14h56

Guilherme de Pádua e esposa vão a ato pró-Bolsonaro Foto: Reprodução

O ex-ator Guilherme de Pádua, de 50 anos, é apoiador do presidente Jair Bolsonaro desde o início das eleições presidenciais de 2018.

Suas manifestações costumam causar polêmica por causa do crime que cometeu no passado, mas sua participação em um ato pró-Bolsonaro em Brasília, Distrito Federal, neste domingo (24), recebeu mais atenção do que suas publicações nas redes sociais.

QUEM É GUILHERME DE PÁDUA
O bolsonarista ficou conhecido em dezembro de 1992 por ter assassinado brutalmente a atriz e bailarina Daniella Perez, seu par romântico na novela De Corpo e Alma, com 18 golpes de punhal. O crime teve participação da ex-esposa de Pádua, Paula Nogueira.

O ator confessou o crime que teria sido motivado por ciúme, cobiça e vingança. Pádua estaria tentando convencer Daniella a pedir que sua mãe, a dramaturga Glória Perez, desse mais espaço ao personagem do ator na novela.

O personagem de Pádua, porém, teria ficado dois dias sem aparecer na trama, o que fez com que o ator acreditasse que Daniella contou para a mãe que ele a estaria pressionando e assediando.

Após confessar o crime, ele e a ex-esposa foram condenados a 19 anos e seis meses de prisão, mas Guilherme de Pádua foi solto após seis anos e nove meses.

Em 2002, ele se converteu à religião evangélica e passou a frequentar a Igreja Batista da Lagoinha. Em 2016, se formou em Teologia e se tornou pastor de uma igreja de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Guilherme de Pádua hoje atua como pastor Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

O QUE PROVOCA NO PÚBLICO
Guilherme de Pádua costuma dividir opiniões entre os que se indignam com sua liberdade e midiatização e outros que acreditam que ele pagou pelos seus atos e merece uma segunda chance. Além dele, outros criminosos também provocam reações negativas sobre qualquer uma de suas ações, como Alexandre Nardoni e Suzane von Richthofen.

Alguns famosos que também levaram pessoas ao óbito, porém, como Alexandre Pires e o ex-jogador Edmundo, não recebem a mesma indignação nacional. Ambos estavam dirigindo bêbados, quando atropelaram e mataram pedestres.

A psicóloga Elaine Cruz falou com o Pleno.News sobre as reações que o caso do ex-ator causa no público. Ela afirma que o processo de perdão é demorado e precisa ser entendido nestes casos.

Por que as pessoas, muitas vezes, não perdoam criminosos, mesmo aqueles que pagam por seus crimes?
O processo de perdão é um processo demorado, lento. Geralmente quem cometeu um erro precisa pedir perdão muitas vezes. E esquecer não faz parte do perdão. A gente perdoa, mesmo lembrando. A grande questão é que quando uma pessoa comete um crime hediondo, a imprensa fica muito tempo falando sobre o crime e repercutindo os assuntos. Mas quando a pessoa é presa, a gente deixa de ter notícias. E elas não podem ir à mídia toda semana para pedir perdão público daquilo que cometeram. Então, o processo de perdão é desacelerado nestes casos e fica muito complexo a gente perdoar apenas baseados no fato de a pessoa ter ido para a prisão.

E seria possível realmente perdoar casos assim?
Como esses crimes mexem muito com a nossa psiquê e, na cabeça de pessoas com uma mente saudável, são inadmissíveis, é muito complexo a gente perdoar porque o sentimento que gera é de uma ingratidão muito grande e nada mexe tanto com uma ingratidão revestida da impossibilidade de proteção de pessoas que a gente ama.

O fato da vítima do crime de Pádua ter sido uma atriz famosa (Daniella Perez) é mais um agravante neste bloqueio ao perdão público?
As pessoas foram assistindo a tudo o que aconteceu sobre o crime de Guilherme de Pádua. Por mais que ele tenha pedido desculpas depois, a gente sabe que isso não é suficiente. Mas é muito complicado quando, depois, esta pessoa se torna midiática, muitas vezes vivendo como se nada tivesse feito. Querendo ou não, a gente espera que a pessoa cumpra as consequências.

A questão é da ingratidão. É como se fosse uma falta de respeito com a memória da família da vítima e da nossa própria memória. A Daniella Perez era uma pessoa que “entrava” na casa das pessoas (através das novelas) e se tornou pessoal. Então, as pessoas também se sentiram mexidas e afetadas pelo crime. Isso é algo complexo porque o Guilherme de Pádua não tem como ir na casa de todo mundo pedindo desculpas e entendendo as consequências daquilo que ele fez.

Guilherme de Pádua conta que recebeu o perdão de Deus e chegou a cursar Teologia, tornando-se pastor evangélico. Como cristãos devem olhar para este caso?
Na Bíblia, por exemplo, há o relato de Paulo. Ele, quando Saulo, não só mandava matar, mas perseguiu, tinha carta para prender e estava presente no apedrejamento de Estêvão. Mas ele se converte de uma forma sobrenatural, a igreja leva um tempo para aceitar a conversão de Paulo, até que ele reaparece pregando depois de cinco anos. Acabou tendo muito mais receptividade entre os gentios.

Como acredita que seja o caso de Pádua?
O que me preocupa mais em casos que as pessoas cometem crimes hediondos e logo depois já vira pastor é o tempo que esta pessoa não teve tempo de discipulado. É necessário que esta árvore, que estava podre, tenha tempo de dar bons frutos até para que o que este pastor pregue tenha respaldo nos frutos que esta pessoa tem. Infelizmente muitas denominações não têm este cuidado e acabam dando a estas pessoas cargos que elas ainda não estão prontas para receber.

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