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Família cobra mais de R$ 600 mil após vídeo polêmico em hospital

Estudantes são acusadas de debochar de caso de jovem que passou por três transplantes e morreu em fevereiro

Paulo Moura - 06/05/2025 08h52 | atualizado em 06/05/2025 13h42

Vìdeo de estudantes foi considerado deboche Foto: Reprodução/TikTok

A família de Vitória Chaves da Silva, jovem que morreu após passar por três transplantes de coração no Instituto do Coração (InCor), ingressou na Justiça contra o hospital, a empresa de ensino Inspirali Educação e duas estudantes de medicina, após a divulgação de um vídeo no qual as alunas faziam referência indireta ao caso de Vitória com comentários considerados irônicos sobre a condição de saúde dela.

A gravação, feita dentro do hospital e publicada no TikTok, levou a família a pedir R$ 607 mil por danos morais, além de R$ 25,5 mil de auxílio para tratamento psicológico. No vídeo, as estudantes Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano comentam sobre um caso raro envolvendo múltiplos transplantes cardíacos.

Sem mencionar nomes, Gabrielli afirmou que um dos transplantes falhou, porque a paciente “não tomou os remédios que deveria tomar”. Em seguida, Thaís comentou: “Essa menina está achando que tem sete vidas”.

Segundo a petição inicial da ação ajuizada pela família, a jovem mencionada no vídeo seria Vitória, única paciente em tratamento no InCor com o histórico clínico citado.

Vitória morreu em fevereiro deste ano, por insuficiência renal crônica e choque séptico. Os parentes contestam a alegação feita no vídeo sobre descuido com a medicação. De acordo com eles, a jovem era extremamente cuidadosa com o uso dos remédios, controlando horários com alarmes no celular, mesmo sendo acompanhada por uma equipe médica de referência.

As estudantes faziam parte de um curso de extensão de curta duração oferecido pela Inspirali dentro do InCor. A ação judicial aponta que elas tiveram acesso a informações sobre o caso de Vitória durante esse período e utilizaram esses dados de forma indevida ao produzir e divulgar o vídeo.

No processo, a empresa de ensino é acusada de falhar na supervisão e orientação das alunas, enquanto o InCor é responsabilizado por não fiscalizar adequadamente a presença e atuação das estudantes em suas dependências. No processo, os advogados da família sustentam que houve violação do sigilo médico e da intimidade da paciente.

– As acadêmicas devem responder pelo tom de deboche e indevido sarcasmo com que passaram tais informações (…), demonstrando um sadismo incompatível com a nobreza do exercício da medicina – diz um trecho da ação.

Após a divulgação do vídeo, a família registrou uma queixa na delegacia e as estudantes foram ouvidas no 14° Distrito Policial, no dia 14 de abril. Em depoimento, elas alegaram que não tiveram a intenção de ofender Vitória e que o objetivo do vídeo era apenas comentar um caso raro conhecido durante a prática médica. A Polícia Civil instaurou um inquérito por injúria.

No âmbito criminal, o caso agora aguarda o oferecimento da queixa-crime por parte da defesa da família, já que se trata de uma ação penal privada — como ocorre em casos de calúnia, difamação, injúria ou violação de direito autoral. Em nota, a Faculdade de Medicina da USP, que respondeu em nome do InCor, disse estar tomando medidas para evitar que casos como o das jovens se repitam.

– Internamente, a FMUSP está tomando medidas adicionais para reforçar junto aos participantes de cursos de extensão as orientações formais sobre conduta ética e uso responsável das redes sociais, além da assinatura de um termo de compromisso com os princípios de respeito aos pacientes e aos valores que regem a atuação da instituição – disse a instituição.

A Inspirali Educação, por sua vez, disse que não comentará o caso judicial.

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