Exército indicia três coronéis acusados de exigir golpe em 2022
Carta que pressionava militares a impedirem a posse de Lula foi usada contra os investigados
Pleno.News - 31/10/2024 19h52 | atualizado em 01/11/2024 10h19
Três coronéis do Exército foram indiciados após um inquérito policial militar (IPM) identificá-los como autores de uma carta de 2022 que exigia do comando da instituição que evitasse permitir que o presidente Lula (PT) assumisse a presidência do país em janeiro de 2023.
Os indiciados são: coronel da ativa, Anderson Lima de Moura, o coronel da reserva, Carlos Giovani Delevati Pasini, e o coronel da reserva, Otávio Machado Rezo Cardoso. Todos foram acusados de incitar a indisciplina militar e crítica indevida, crimes previstos no Código Penal de Militar com penas previstas de dois a quatro anos de reclusão.
Um quarto coronel ainda é investigado, sendo ele o coronel da ativa Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, que conseguiu uma liminar que suspendeu parte dos atos da sindicância e deu origem ao inquérito.
O conteúdo do IPM será analisado pela 2ª Procuradoria de Justiça Militar, em Brasília, que poderá apresentar a denúncia contra os três coronéis. Quem também precisa se manifestar sobre o assunto é o Ministério Público Militar.
DEFESA SE MANIFESTA
Para a defesa dos militares, não há materialidade na investigação, e ela foi “açodada”. De acordo com o advogado Elder Alves da Silva, que defende o coronel José Otávio Machado Rezo Cardoso, as investigações prejudicaram os oficiais.
— Já li e reli a carta várias vezes e não constatei nenhum teor golpista – declarou o advogado.
Ainda segundo Silva, ele e os advogados dos outros coronéis não tiveram acesso, em tempo hábil, à sindicância que deu origem ao inquérito. A decisão da juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara Cível da Justiça Federal do Distrito Federal, em anular todos os atos da sindicância também foi registrada pelo defensor que também atua em defesa do coronel Alexandre Castilho Bitencourt da Silva.
O advogado Felipe Trompowsky, que defende o coronel Anderson Lima de Moura, comentou ao jornal O Globo que realmente não teve acesso ao material e que os oficiais superiores, que conduziram tanto a Sindicância quanto o IPM, “estão dolosamente fazendo uma interpretação de um texto, ressalte-se, sem autoria comprovada, para justificar a narrativa de tentativa de golpe, e tentando usar os investigados como uma espécie de exemplo para a corporação”.
Já o advogado do Carlos Giovani Delevati Pasini, Matheus Pires, afirmou que ele “não assinou nem elaborou nenhuma carta direcionada ao Comandante do Exército no ano de 2022”. Ele também defendeu a inocência de seu cliente.
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