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Servidor exonerado do TSE diz que foi à PF por temer violência

Alexandre Gomes Machado esteve na Polícia Federal após ser exonerado

Paulo Moura - 26/10/2022 15h00 | atualizado em 26/10/2022 16h38

Sede da Polícia Federal em Brasília
Sede da Polícia Federal em Brasília Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo

O ex-servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre Gomes Machado disse que procurou a Polícia Federal (PF) por medo de sofrer algum tipo de violência. Ele foi exonerado nesta terça (25) e disse à PF que sua saída ocorreu após ele informar irregularidades na inserção de propagandas eleitorais. A declaração foi dada em entrevista concedida ao site O Antagonista.

– Fui atendido pelo delegado de plantão, disse que temia pela minha integridade física. Tiraram meu crachá, minha credencial de acesso, sem nenhuma satisfação e na frente de todo mundo. Achei que estava sofrendo uma condução coercitiva – disse.

Alexandre, que fazia a coordenação do pool de emissoras que transmitem a propaganda eleitoral em rádio e TV, contou que foi escoltado até a saída do TSE e teve seu crachá retirado. O ex-servidor relatou que, antes de ser demitido, seu chefe teria voltado “pálido” após uma reunião.

– Tinha chegado esse email que comprovava de alguma forma (a denúncia), porque a rádio estava admitindo que deixou de passar 100 inserções. Vinte minutos depois, meu chefe vai para a reunião e volta pálido: “O Levi [secretário-geral do TSE, José Levi do Amaral Jr] falou que vai te exonerar. O ato de exoneração já está pronto” – disse.

Machado ainda contou que, em 2018, depois que o TSE cassou o registro da candidatura de Lula, diversas emissoras continuaram divulgando propaganda com o petista, o que gerou uma série de reclamações. O ex-coordenador informou que foi nessa época que ele percebeu que o tribunal não possui nenhuma ferramenta capaz de fiscalizar o cumprimento dessa obrigação.

– O que não está certo? Não existe controle do TSE sobre as inserções de televisão e rádio. Não tem um contrato de auditoria de mídia. Acho que se procurar inserção de TV, pode ser até pior que as de rádio. Isso é tudo feito via player – declarou.

SOBRE A POLÊMICA DAS INSERÇÕES
Os questionamentos sobre as inserções foram divulgados na última segunda-feira (24), quando o ministro das Comunicações, Fábio Faria, informou que a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) teve mais de 154 mil inserções a menos que a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em vários emissoras de rádio ao redor do Brasil.

Com a constatação, a coligação de Bolsonaro ajuizou uma ação no TSE questionando o fato de diversas inserções do atual chefe do Executivo não terem sido veiculadas. Diante disso, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, pediu que a campanha do chefe do Executivo apresentasse dados que comprovassem as acusações, o que foi feito nesta terça-feira (25).

Os dados foram enviados ao TSE em um relatório. Um dos documentos cita oito rádios que teriam deixado de reproduzir inserções do candidato à reeleição. Além disso, o documento traz os horários que as inserções de Lula teriam aparecido mais vezes do que as de Bolsonaro.

– Para que se aquilate a gravidade da irregularidade noticiada, a título exemplificativo, pôde-se comprovar, em pequena amostragem de oito rádios (nominalmente referidas), em apenas uma semana, significativa discrepância de 730 inserções, em desfavor da campanha do candidato peticionário – aponta trecho do documento.

Já nesta quarta-feira (26), foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) a exoneração de Alexandre Gomes Machado, assessor de gabinete da Secretaria Judiciária da Secretaria-Geral da Presidência. Machado era o coordenador do pool de emissoras que exibem as propagandas eleitorais.

Após a exoneração, o ex-servidor procurou a Polícia Federal (PF) para prestar depoimento. Na oitiva, Machado disse que foi demitido cerca de 30 minutos após enviar um email para a chefe de gabinete do secretário-geral da Presidência do TSE informando que uma rádio admitiu que havia deixado de repassar em sua programação cerca de 100 inserções da campanha de Bolsonaro.

Em outro trecho, Machado afirmou acreditar que teria sido desligado por causa do fato de que “desde o ano de 2018 tenha informado reiteradamente ao TSE de que existem falhas de fiscalização e acompanhamento na veiculação de inserções da propaganda eleitoral gratuita”.

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