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Segundo turno no estado será entre Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad

Monique Mello - 03/10/2022 08h36 | atualizado em 03/10/2022 11h36

Rodrigo Garcia estará fora do governo de SP no ano que vem Foto: Governo do Estado de São Paulo

O segundo turno da eleição para governador de São Paulo será disputado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). O tucano Rodrigo Garcia (PSDB) ficou de fora.

Vinte e oito anos depois de chegar ao governo de São Paulo com Mário Covas em 1994, o PSDB sofreu, neste domingo (2), sua pior derrota desde que perdeu a Presidência da República quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou José Serra na eleição presidencial em 2002 para suceder a Fernando Henrique Cardoso.

Enquanto buscam entender os motivos que levaram o governador Rodrigo Garcia a ficar de fora do segundo turno da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, após um conturbado processo interno que fez com que o partido ficasse de fora da eleição presidencial, pela primeira vez desde a redemocratização, os tucanos já discutem o que fazer a partir deste novo cenário.

Entre a desolação e o pessimismo com o futuro, dirigentes e quadros históricos do PSDB se dividiram ao avaliar os motivos que levaram ao fim da hegemonia paulista, mas convergem na tese de que a guerra fratricida desencadeada após a ascensão de João Doria em 2018 foi determinante.

Depois de superar Márcio França (PSB) no segundo turno em 2018, com uma estratégia de surfar na onda Jair Bolsonaro e diante do fiasco da candidatura de Geraldo Alckmin naquele ano, Doria tornou-se o candidato natural à Presidência em 2022 e tentou promover uma guinada à direita no PSDB.

Na concepção do político com origem no mundo empresarial, o partido deveria ficar menos social-democrata e mais liberal. Essa transição, somada a um discurso antipetista, seria a fórmula para os tucanos recuperarem o prestígio com o eleitorado que migrou para o bolsonarismo, mas se ressentia dos arroubos do presidente.

O estilo voluntarista de Doria, porém, explodiu pontes. O racha que mais tarde culminaria no processo disruptivo das prévias presidenciais começou em um jantar no ano passado no qual o entorno do governador surpreendeu o presidente da sigla, Bruno Araújo, ao defender, sem nenhuma articulação prévia, que o chefe do executivo paulista assumisse o comando partidário.

Naquela altura, Doria já havia traçado um plano de voo que previa projetar Rodrigo Garcia na administração, filiá-lo ao PSDB e lançá-lo candidato à sua sucessão. Mesmo após vencer as prévias, no entanto, Doria passou a ser atacado por adversários internos e não conseguiu viabilizar sua candidatura presidencial.

AVALIAÇÃO
No momento de avaliar as razões da derrota de Garcia no primeiro turno mesmo tendo a retaguarda da máquina, tucanos dizem reservadamente que a campanha pela reeleição foi errática e falhou ao adotar a linha do nem esquerda, nem direita. Auxiliares de Garcia dizem que a campanha não conseguiu quebrar a polarização, porque se formou uma disputa entre duas “igrejas” e avaliam que não adiantaria ter forçado a mão no antipetismo, como defenderam políticos tucanos durante o processo eleitoral.

– Filiado a pouco tempo no PSDB, Rodrigo Garcia não convenceu o eleitorado de quem representa o legado do partido desde Mário Covas – disse a cientista política Vera Chaia, professora da PUC-SP.

Integrante da executiva nacional e tesoureiro do PSDB, César Gontijo é cauteloso ao avaliar erros, mas acredita que o principal deles foi não ter candidato próprio ao Palácio do Planalto.

Sobre o futuro, ele prega que o partido se “reinvente” para liderar a oposição.

– Precisamos recuperar o protagonismo no campo da centro-direita – afirmou.

*AE

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