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"Ele é integrante de um partido que na hora da eleição, nega o que prega" afirmou o líder da Advec

Camille Dornelles - 16/07/2018 11h01 | atualizado em 16/07/2018 17h25

Pastor Silas Malafaia Foto: Reprodução/ Instagram

Em entrevista à revista Época desta semana, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, falou sobre vários temas polêmicos. Malafaia, como sempre, não se intimidou e falou de aborto, drogas e casamento civil entre gays.

Para a mesma matéria também foi convidado Henrique Vieira, filiado do PSOL e pré-candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Ele é ator, tem 31 anos, e atua como pastor na Igreja Batista do Caminho.

– Acho ele um pobre coitado e dissimulado. Integrante de um partido, o PSOL, que, na hora da eleição, nega o que prega. Estou sendo processado pelo Marcelo Freixo por dizer que ele defende a liberação das drogas. E não é verdade? Agora, até o voto evangélico eles querem. Estão filiando pastores para confundir o povo. Não adianta, vamos largar o aço em cima – disse Malafaia.

ESTADO LAICO
Silas Malafaia:
O Estado é laico, sem dúvida. Mas a política também? Não. O Parlamento é feito pela convicção das pessoas, sejam elas ateístas ou religiosas. Há um jogo de preconceito sobre tudo que vem dos evangélicos. Então só o marxismo pode fazer leis e a ideologia cristã não? Ninguém quer obrigar as pessoas a seguir uma religião. Mas quero poder influenciar em outras questões. Quer dizer que quando alguém defende a vida é religião?

Henrique Vieira: Sim. Os valores bíblicos têm de influenciar nosso comportamento e nossas ações individuais, mas precisamos entender que a democracia pressupõe respeito à diversidade. Um valor bíblico é amar o próximo como a si mesmo. E o amor não impõe, dialoga. Quem ama não obriga o outro. Isso me leva a respeitar a diversidade e não usar leis para impor uma doutrina.

CASAMENTO GAY
Silas Malafaia:
A Constituição fala de união entre homem e mulher. Não tenho nada contra o sexo das pessoas, por mim podem fazer o que quiserem. Há uma mania de querer me ridicularizar de homofóbico, não sou nada disso. Mas tenho direito a ter minha opinião. Acredito que a base da civilização humana é o homem, a mulher e sua prole. São esses laços familiares que tornam a sociedade mais forte. Também sou contra casal de homossexuais criando crianças. Sou psicólogo, sei o que estou dizendo. Vamos ver onde isso tudo vai parar. Ou então, se pode tudo, vamos legalizar homem ter relação com cachorro, oras.

Henrique Vieira: Defendo a separação entre a Igreja e o Estado. Reconheço plena cidadania para os LGBTs. As pessoas não são menos cidadãs por sua orientação sexual. Devem ter todos os seus direitos resguardados e perante a lei devem ter o casamento como direito. Defendo o casamento civil porque defendo a plena garantia de direitos para a comunidade LGBT. Estamos falando de pessoas de carne e osso, feitas à imagem e semelhança de Deus.

Silas Malafaia defendeu os valores da família Foto: Reprodução

LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS
Silas Malafaia:
Trabalho com famílias desesperadas que lidam diariamente com o problema das drogas em seus lares. As pessoas se transformam, ficam alienadas e querem roubar para comprar mais e mais. O ser humano tem essa faceta insaciável muitas vezes. A maconha, se for legalizada, será a porta de entrada para outras drogas. Na verdade, os traficantes vão agradecer se ela for liberada. As drogas legalizadas como cerveja e cigarro já trazem bilhões de reais de prejuízos, imagine se outras forem também. Vamos ver se não haverá aumento de consumo nesses países que adotaram políticas mais liberais, como Portugal e Uruguai. Outra coisa. Se é uma boa ideia, por que os Estados Unidos não fizeram até hoje?

Henrique Vieira: Hoje morre muito mais gente de tiro do que de overdose. A política que criminaliza não reduz o número de usuários de drogas ilícitas. Os grandes traficantes são bilionários, têm mecanismos internacionais de evasão de divisas, tráfico de armas e movimentação de dinheiro. Essa política mata pobres e negros. Isso não significa naturalizar o uso. Mas legalizar é desarticular o tráfico e abrir espaço para políticas de educação, conscientização e tratamento no caso do uso abusivo que gera vício. Como pastor e discípulo de Jesus, estou preocupado com a vida. Estamos vendo uma juventude toda indo embora, enquanto os grandes fornecedores lucram em cima dessa carnificina. Cuidar, acolher e ouvir é algo muito pastoral.

IDEOLOGIA DE GÊNERO
Silas Malafaia: A escola apenas ensina, os pais é que educam. Educação moral na escola? Na-na-ni-na-não. Os esquerdopatas seguem o sociólogo Herbert Marcuse, que prega a conquista da hegemonia por meio da cultura. Que submeter criança a debate sobre ideologia de gênero o quê, vai plantar batata. Esse jogo ideológico é que permeou o debate sobre a Queermuseu (Exposição montada no ano passado em Porto Alegre com obras que exploravam a diversidade de expressão de gênero). A criança não sabe distinguir essas coisas. Não defendemos a censura nesse caso, mas apenas a classificação indicativa.

Henrique Vieira: Temos uma sociedade que impõe violência às mulheres e aos LGBTs. O feminicídio e os crimes de ódio contra LGBTs não são casuais. A escola deve educar para a cidadania, para o respeito à dignidade humana e contribuir com uma cultura sem violência. Entendo, portanto, que deveria trabalhar o tema de gênero e diversidade na perspectiva de respeito, igualdade e combate à violência. Erotização, promiscuidade, pornografia e pedofilia são expressões de quem não entende o debate ou, se entende, de forma mal-intencionada manipula as informações com inverdades. Não se trata de nada disso. Eu como cristão não quero ficar em silêncio diante da violência contra mulheres e os LGBTs.

ABORTO
Silas Malafaia: Nem preciso abrir a Bíblia para discutir isso. Quem define onde começa a vida é a biologia. O início é na concepção. A mulher é o agente passivo, e o bebê o ativo. O aborto é o massacre dos poderosos contra os indefesos. Sou contra qualquer tipo, mesmo depois do estupro. Pior que o trauma de ser estuprado é o assassinato de alguém. Nenhum ser humano é mais humano que o outro.

Henrique Vieira: É evidente que não apoio essas iniciativas dessa bancada evangélica. Quando se fala em legalizar o aborto, não significa estimular ou naturalizar a prática. A criminalização não reduz o número de abortos praticados e leva a uma quantidade enorme de morte de mulheres, especialmente pobres e negras, além de criar um ambiente de culpa e inibição para elas. Legalizar significa, em vez de punir, cuidar. O número de abortos caiu nos países que legalizaram, o que significa que a vida foi mais respeitada e preservada. Essas iniciativas da bancada evangélica são insensíveis, de quem defende mais o dogma do que a dignidade humana.

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