Virgínia Martin - 06/04/2018 19h00

Após o pedido de habeas corpus de Lula ter sido negado pelo STF, o Brasil se engaja em várias manifestações, com desdobramentos diversos. Com prisão decretada, o ex-presidente da República sinalizou que não pretende se entregar à Polícia Federal. E as opiniões se multiplicam. Geraldo Alckmin, governador de São Paulo (PSDB), lamentou a prisão, mas acredita que essa conclusão pontua o fim da impunidade. Já Ciro Gomes não consegue ver justiça na prisão de Lula quando outros políticos de outros partidos estão sob acusações, mas continuam soltos.

Diante deste cenário político, quais as possíveis repercussões para o período pré-eleitoral no Brasil? O Pleno.News convidou o cientista político, economista e advogado Bernardo Santoro para responder:

Quais as principais repercussões da retirada de Lula das eleições e o plano B do PT?
A consolidação de Bolsonaro como líder das pesquisas e a abertura de um vácuo de candidatura de esquerda, mostra o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como único pré-candidato petista sem problemas de ordem criminal imediata.

Como entender que Lula está sendo preso e Aécio Neves não foi?
Os processos andam em velocidades distintas para diferentes pessoas. Arriscar afirmar que houve uma influência pessoal em favor de Aécio seria temerário.

Qual será o provável discurso do PT daqui para frente?
Provavelmente serão dois argumentos principais:

1. Reforço do discurso sobre os supostos ganhos sociais adquiridos ao longo dos governos petistas;
2. Construção e aprofundamento da tese de que moralmente todos os partidos são iguais, pois todos teriam políticos acusados ou condenados pela Lava Jato, na tentativa de nivelar moralmente a todos.

Quem ganha e quem perde partidariamente com a saída do Lula nestas eleições?

Quem ganha: PDT, PSB, Rede e PSOL, partidos que podem ocupar o espaço à esquerda; hoje ocupado por um enfraquecido PT. Também o PSL, pois o partido de Bolsonaro ganha com o desfazimento da política tradicional.

Quem perde: PT, pelas razões óbvias. Demais partidos de centro, que passam a ver seus próprios quadros agora na mira da Lava Jato.

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