Cabo Daciolo foi um protesto contra a política tradicional
Especialistas políticos analisam a ascensão do candidato à Presidência
Rafael Ramos - 09/10/2018 09h16 | atualizado em 09/10/2018 10h06
Com 1,3 milhão de votos conquistados nas urnas, o deputado federal Cabo Daciolo tornou-se uma grande surpresa nestas eleições. Candidato à presidência pelo Patriota, o carioca, que estava com 1% na intenção dos votos, superou nomes como Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (REDE) e Guilherme Boulos (PSOL).
Na manhã desta segunda-feira (8), o candidato fez uma rápida transmissão ao vivo no Facebook para agradecer aos seus eleitores e “profetizou” a chegada de um grande avivamento sobre o país e que a nação será liberta.
Em entrevista ao Pleno.News, o especialista político, Artur Gattino, disse que o jeito irreverente de Daciolo foi o grande responsável por essa preferência do público. Segundo Gattino, as pessoas viam nele alguém que inspira confiança de forma natural.
– Apesar de não ter uma formação acadêmica, ele conseguiu traduzir o biotipo do brasileiro. Ele teve coragem de falar sem representar uma ameaça a qualquer pessoa ou segmento. Ele conseguiu sensibilizar algumas pessoas sem metáforas ou conceitos preestabelecidos – explica Gattino, que o classifica como um político pós-moderno.
Da mesma forma, o colunista político do Pleno.News, André Mello, classifica Daciolo como uma forma de “protesto contra a política tradicional”.
– Daciolo e Amoêdo (candidato à presidência pelo Partido Novo) foram opções dos eleitores pelas novidades. Daciolo nos debates e nas redes sociais criticou até Bolsonaro. Ou seja: canalizou a raiva do eleitor médio, enquanto Amoêdo canalizou a raiva da elite. Ambos são antissistema.
Leia também1 Jair Bolsonaro e Fernando Haddad estão no 2º turno
2 Haddad quer dialogar com as forças democráticas do país
3 "Caímos na velha polarização tóxica", declara Marina Silva