‘Efeito Bolsonaro’ movimenta eleição para Conselho Tutelar
Eleitores se mobilizaram mais neste ano
Gabriela Doria - 06/10/2019 21h38
Do rico bairro de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, ao pobre bairro de São Miguel Paulista, na Zona Leste, colégios eleitorais se encheram neste domingo (7) para escolher os novos conselheiros tutelares da cidade.
A mobilização, que começou a internet nas últimas semanas, foi chamada por alguns votantes de “efeito Bolsonaro”: a polarização do país chegou até os Conselhos Tutelares, com campanhas para eleger conselheiros conservadores ou progressistas.
Os Conselhos Tutelares são responsáveis por zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes. Os eleitos neste domingo terão mandato de quatro anos.
Até a publicação deste texto, o comparecimento às urnas não havia sido divulgado, mas, na avaliação do poder público e dos votantes, a mobilização foi mais significativa neste ano do que na eleição extemporânea de 2016, a mais recente, quando votaram 113 mil pessoas.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) votou em um colégio na Vila Madalena, Zona Oeste da cidade.
– [A polarização] acontece porque você tem não somente lideranças comunitárias participando, mas também partidos políticos envolvidos, igrejas. É normal e natural que você tenha movimentos organizados a cada vez que você tem um papel mais importante a ser destacado – afirmou.
Ele também vê um aumento de engajamento ao longo dos anos.
– A eleição do Conselho Tutelar vem ganhando força a cada ciclo, a gente vê a mobilização, a quantidade de pessoas vindo votar. Eu, pelo menos, estou achando [que há] mais gente do que quatro anos atrás [na última eleição] – disse o prefeito.
A analista de recursos humanos Rita Ventura, de 50 anos, concorda.
– A eleição é extremamente importante nessa situação em que o país está. Tem que ser gente que tem conhecimento do trabalho com crianças. Houve uma mobilização muito maior neste ano, onde eu trabalho a gente se mobilizou para vir votar. Votamos em Pinheiros, mas nossa preocupação maior é na periferia – diz.
A eleição, neste ano, foi feita com assessoria do Tribunal Regional Eleitoral e urna eletrônica em todas as cidades com mais de 300 mil habitantes no estado.
O pleito ocorreu de forma unificada em todo o país. Era preciso levar documento de identidade e título de eleitor, o que gerou confusão, já que na eleição geral, basta o RG. Muita gente tentou votar assim. A falta de informações foi uma das principais queixas.
O motorista Carlos Henrique, de 60 anos, reclamou que “faltou divulgação”.
– Só soube no fim dessa semana, num anúncio em um relógio de rua. Agora não dá tempo mais de me cadastrar para votar em uma coisa tão importante – disse.
*Folhapress
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