Diretora de jornal admite fazer ‘linha crítica ao governo’
Veículo de centro-esquerda tem tradição na Europa
Gabriela Doria - 05/10/2019 14h39 | atualizado em 05/10/2019 14h42

À frente do jornal El País, um dos principais jornais europeus, Soledad Gallego-Díaz, de 67 anos, admite, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, que o veículo faz oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
Questionada sobre a introdução do jornal no Brasil, a Gallego-Díaz afirma que o veículo tem a intenção de se aproximar dos brasileiros.
– Com o Brasil não tínhamos uma tradição de relação intensa como com o resto da região [América Latina]. E na internet a operação do El País no Brasil tem muito sucesso, muitos leitores, sem pretender competir com os jornais locais. Estamos adotando uma linha muito crítica ao presidente Bolsonaro, num momento em que isso é necessário – afirmou.
A diretora também afirma que a tradição de centro-esquerda do jornal será mantida no continente.
– As instituições democráticas são o esqueleto do jornal, nascemos com esse propósito. Além disso, não vejo como fazer jornalismo de outro modo, porque o jornalismo nasceu com uma visão progressista da sociedade. Não queremos sociedades estáticas. As sociedades são móveis, e nós, como meios de comunicação, temos de acompanhar as mudanças e ajudar a interpretá-las – declarou a diretora.
Gallego-Díaz diz também que o El País é um jornal histórica progressista e cita a defesa ao aborto.
– Nós nunca fomos conservadores e nunca tivemos uma posição ideológica partidária. Temos uma visão aberta e progressista da sociedade, tanto que defendemos o aborto antes que muitos outros meios, nos anos 1980 – ressaltou.
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