Alerta aos pais! Ministra relata casos de automutilação
Damares Alves afirmou que fenômeno tem crescido no mundo todo
Gabriela Doria - 05/09/2019 18h43 | atualizado em 06/09/2019 15h56

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, concedeu entrevista à jornalista Leda Nagle, para seu canal no Youtube. Sem papas na língua, Damares conversou sobre temas polêmicos, falou do abuso sexual que sofreu na infância e discorreu sobre assuntos difíceis, como a automutilação.
– O Brasil está mergulhado num mar de sangue. Estamos com milhões de jovens e adolescentes se automutilando, e não se falava nisso e nem se apresentavam políticas públicas. Essa geração não sabe lidar com conflitos. Eles estão buscando solução de conflitos em dores físicas. Quando se conversa com um menino de 8 anos que está se automutilando, ele diz: “eu estou com dor na alma”, é a frase que eu mais escuto. Essa geração está em profundo sofrimento. E eles estão cortando o corpo para aliviar a dor na alma – apontou a ministra.
Com sua experiência sobre o tema, Damares revelou que a autolesão está ganhando novas proporções e que as vítimas estão buscando maneiras de esconder os machucados.
– Eles não estão se cortando só nos braços, mas há outras formas de se autolesionar. As meninas estão se cortando dentro da vagina, para a mãe não ver a cicatriz. Elas fazem isso porque estão com dor na alma, e quando se cortam, aliviam essa dor. É inexplicável. A dor interna é tão grande que elas precisam cortar o corpo. Os meninos estão se cortando na virilha, e já vimos casos de crianças se cortando na boca. Nós descobrimos que há pessoas que amarram objetos em linhas e cordões, engolem, e puxam para conseguir rasgar o esôfago e o estômago – revelou.
Ainda de acordo com Damares, não há perfil único para aqueles que se automutilam. Para ela, trata-se de uma fenômeno que transcende cor, classe social e religião.
– Eu estava na igreja uma vez falando sobre automutilação e perguntei se tinha alguém ali que se cortava. Alguns meninos vieram chorando e jogaram as navalhas aos meus pés e pediram para eu orar por eles. Teve uma outra igreja em que eu falava sobre suicídio e valorização da vida. Pedi para o ministério de louvor cantar enquanto eu falava. E eles não cantavam. Quando olhei para trás, os músicos estavam abraçados chorando. Três dos músicos estavam com os braços enfaixados. Eles tinham se cortado antes de ir para o culto – lembrou Damares, que também é pastora.
Apesar da gravidade do tema, Damares aposta em políticas públicas para o combate ao fenômeno.
– Foi aprovada uma lei no governo Bolsonaro que vai obrigar a escola a notificar. Além do sistema de saúde notificar a automutilação, o suicídio e a tentativa de suicídio, as escolas terão que fazer o mesmo. É um fenômeno que está alcançando todo o mundo e temos que saber lidar com isso com muita delicadeza – destacou.
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