Covid-19: Morte de padres na Itália é maior que de médicos
Proximidade com os doentes é um dos fatores do alto número de óbitos entre clérigos
Paulo Moura - 23/03/2020 08h39 | atualizado em 23/03/2020 08h42

Um número surpreendente relacionado às mortes por Covid-19 na Itália foi revelado neste fim de semana. Os óbitos entre padres no país já são maiores que os de médicos, profissionais que tem o contato mais frequente com os doentes.
O dado, revelado pela agência de notícias France-Presse, dá conta de que 18 representantes católicos já morreram em razão da pandemia no país europeu, enquanto que os profissionais de saúde, segundo a agência italiana ANSA, somam 13. Dioceses da Itália apontam que o número pode inclusive ser maior que o noticiado pela agência francesa, chegando a 28.
O dado, apesar de não parecer tão convencional, se deve principalmente ao trabalho dos padres com os doentes, como, por exemplo, a realização de cerimônias de unção dos enfermos que faz com que eles fiquem próximos de infectados com muita frequência.
– Vestindo uma máscara, um boné, luvas, uma túnica e óculos de proteção, os padres andam pelos corredores como zumbis – disse o padre Claudio del Monte à agência de notícias italiana Adnkronos.
Como as outras vítimas, os clérigos estão sendo enterrados sem cerimônia, já que os funerais, juntamente com casamentos, foram proibidos por mais de uma semana para conter o contágio.
– Às vezes acontece (para eles) por zelo pastoral. Eles entram na unidade de terapia intensiva para onde, naturalmente, ninguém deve ir – afirmou Enrico Salmi, bispo de Parma, ao Avvenire.
A situação fez o papa Francisco realizar uma ligação na última quarta-feira (18) para o bispo de Bergamo, Francesco Beschi. Segundo ele, o papa “ficou impressionado com o sofrimento de muitos mortos”.
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