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‘Witzel tem muito o que explicar à sociedade’, diz deputado Alexandre Freitas

Ao Pleno.News, o parlamentar falou sobre o afastamento do governador e sobre o processo de impeachment

Henrique Gimenes - 08/09/2020 15h11 | atualizado em 08/09/2020 15h21

Deputado estadual Alexandre Freitas Foto: Divulgação

Nos últimos dias, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), enfrentou uma série de problemas. Foi afastado do cargo por 180 dias e viu o Supremo Tribunal Federal (STF) liberar o prosseguimento de seu impeachment na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Um dos deputados que irá analisar o processo é Alexandre Freitas (Novo), que, em junho, chegou a protocolar um pedido de impeachment contra o governador na Casa.

Ao Pleno.News, o deputado falou sobre as denúncias contra Witzel e afirmou que as provas produzidas durante as investigações “são muito sérias”. Para Alexandre Freitas, o governador afastado tem “muito o que explicar para o Parlamento e à sociedade”.

Ele também falou sobre os problemas do Rio de Janeiro, criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que limitou operações policiais no estado e apresentou suas considerações sobre como o Rio pode se recuperar após a pandemia de coronavírus.

Governador afastado Wilson Witzel Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo/Fernando Frazão

Como o senhor vê as investigações que levaram o governador Wilson Witzel a ser afastado do cargo?
Acho ótimo. Antes, os escândalos de corrupção eram expostos somente quando terminado o mandato. Hoje estamos vendo investigações das organizações criminosas que dominaram o governo do estado sendo desmontadas em menos de um ano e meio e no curso do mandato. Sem dúvida, é um avanço. Chama a atenção, inclusive, a atuação do STJ, que tradicionalmente não costuma ser tão célere nos seus inquéritos.

O governador afastado tem muito o que explicar para o Parlamento e à sociedade

Após a decisão do STJ, o governador Wilson Witzel se disse vítima de perseguição política. O que o senhor pensa a respeito dessa declaração?
Totalmente descabida. As acusações que pesam contra ele e as provas produzidas são muito sérias e o governador afastado tem muito o que explicar para o Parlamento e à sociedade.

E como o senhor vê a influência dessa decisão do STJ sobre o pedido de impeachment do governador?
Apesar dos processos que tramitam no Parlamento e no Judiciário serem autônomos, o processo de impeachment, que é um processo jurídico-político, acaba sendo influenciado pelo afastamento determinado pelo Judiciário. Se a situação do governador já era muito ruim politicamente, tanto jurídica como política, ela se agrava ainda mais após a operação Tris in Idem.

O Rio de Janeiro tem um histórico de problemas com seus governadores em relação à Justiça. Quais seriam as melhores soluções para esse problema?
A população deixar de eleger corruptos é o primeiro passo. Todo resto é consequência. O estado de Minas Gerais vem demonstrando que quando a população escolheu bem é possível reverter décadas de pilhagem e corrupção.

O cidadão fluminense pode contar com a gente para combater toda ineficiência, desvios e incompetência do Estado no seu dia a dia

Falando na questão da segurança, o que senhor pensa sobre a decisão do STF que impõe limites à atuação da polícia no estado?
Um absurdo. Infelizmente, temos um Judiciário que é incapaz de reconhecer os seus limites e dizer que para certas demandas não lhe cabe opinar. Nosso Judiciário pensa que é gestor e legislador. Isso precisa mudar. O que o STF está fazendo com a segurança pública do estado é um crime. O Rio de janeiro está refém do narcoterrorismo, que hoje se tornou uma questão de segurança nacional.

Na questão econômica, quais são as ações que o senhor considera fundamentais para a recuperação do estado do Rio de Janeiro ao final da pandemia?
Há décadas, o Rio de janeiro tem expulsado empreendedores do estado. O Rio é o estado mais caro e complicado para se gerar empregos e riqueza. Somados a isso, temos índices alarmantes de violência e corrupção. No mínimo, precisamos nos igualar aos estados limítrofes em termos de carga e simplificação tributárias.

O Rio é o estado mais caro e complicado para se gerar empregos e riqueza

Também precisamos reformar a administração pública e previdência estadual, que são ralos de dinheiro público com seus privilégios e recebimento de verbas ilegais por parte de servidores públicos. Se os três Poderes e MP respeitassem o teto constitucional já seria um grande avanço.

O senhor é idealizador do projeto FiscalizaRJ. Pode nos falar um pouco mais sobre isso e explicar o funcionamento?
A ideia é usar o mandato para fiscalizar o Estado. O cidadão que está muito acostumado com um fiscal no seu pescoço, agora tem a oportunidade de denunciar o Estado. Nós recebemos todo tipo de denúncia que envolva alguma coisa relacionada ao Estado: desvio de dinheiro público, corrupção, obras paradas, má prestação de serviço e até mesmo aquele servidor que tratou mal o cidadão no balcão da repartição. Se não for da minha competência resolver, nós encaminharemos para os órgãos competentes. O cidadão fluminense pode contar com a gente para combater toda ineficiência, desvios e incompetência do Estado no seu dia a dia.

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