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Voluntários não param de ajudar em Brumadinho

Líder da Convenção Batista Mineira fala de como funciona a equipe e o processo de lavagem de roupas como apoio à tragédia

Pleno.News - 06/02/2019 16h57 | atualizado em 06/02/2019 17h21

Foco de atenção da mídia nacional, a cidade de Brumadinho segue com inúmeras ações de resgate, tanto de corpos, como de pessoas feridas. O processo de recuperação é lento até que todos os envolvidos na catástrofe consigam levar uma vida normal.

Enquanto isso, uma movimentação acontece na lavanderia improvisada no acampamento montado em Brumadinho. Ali, uma equipe de 70 voluntários cuida da limpeza e dos cuidados necessários com os uniformes dos bombeiros e com as roupas de quem trabalha no meio da lama tóxica.

A ação de higienização e descontaminação foi uma iniciativa da Convenção Batista Mineira (CBM), que reúne 1.200 igrejas batistas no estado de Minas Gerais. Marcio Santos, diretor da CBM, conta que procurou alguém responsável diante do trabalho dos bombeiros que estavam em Brumadinho. Ele chegou até o tenente-coronel Eduardo Ângelo Gomes da Silva, comandante de Emergências Ambientais para oferecer alguma ajuda.

– Tive uma primeira reunião com o comandante Eduardo Ângelo no dia seguinte após a tragédia. Perguntei em que poderíamos ajudar como voluntários. Foi quando observei os bombeiros descendo do helicóptero com a roupa completamente enlameada.

A partir desta percepção, Marcio Santos, que também é pastor, perguntou ao comandante como eles estavam fazendo para cuidar do fardamento sujo.

– A resposta me preocupou. Eles apenas iriam jogar uma água, pendurar para secar e usar a mesma farda no dia seguinte. Foi aí que ofereci um serviço de lavanderia.

Mas a CBM sequer tinha uma lavanderia. Porém, com a autorização do comandante, Marcio Santos disse que a estrutura seria montada. Na segunda-feira após o acidente, uma lavanderia com 14 máquinas estava instalada para lavagem de todo o fardamento.

– Compramos máquinas, secadoras, tanquinhos e o esguicho de lava jato para tirar a lama pesada. Também providenciamos sabão e produtos para higienizar as roupas.

O diretor da CBM também lembra que a Convenção ajudou na tragédia de Mariana. Neste recente episódio, a equipe conta com 70 pessoas que atuam em sistema de rodízio. Todos recebem alimentação e hospedagem improvisada. Os homens dormem na Primeira Igreja Batista de Brumadinho e as mulheres dormem em uma casa emprestada por uma moradora. Os voluntários cuidam da lavagem, ensacamento e transportes das roupas.

– Buscamos a roupa no local onde os helicópteros chegam. Levamos para a lavanderia e ali acontecem quatro processos: o esguicho de água para tirar o metal, a lama grossa e o minério. Depois essa roupa fica de molho em um produto específico para tirar a contaminação. Em seguida, ela passa para um tanquinho que retira o restante da sujeira e só depois ela vai para a máquina de lavar. Após, vem a fase com a máquina de secar durante a noite e os varais durante o dia.

Todo o cuidado é fundamental durante o trabalho. As roupas chegam na lavanderia não apenas muito sujas, mas com odor forte, devido ao contato com corpos. A equipe da CBM usa máscaras, luvas, aventais e botas. E há ainda um técnico do Ministério do Trabalho que acompanha e fiscaliza os processos.

A equipe da CBM também é composta por psicólogos, que acompanham as famílias nos velórios e sepultamentos. Para Marcio Santos, é emocionante ver como o povo brasileiro é solidário, já que não para de chegar gente querendo prestar algum tipo de ajuda nesta calamidade provocada pela empresa Vale S.A.

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