Vereadores tentam tirar livro Queermuseu das bibliotecas
Exposição polêmica virou livro, que foi distribuído para bibliotecas públicas do RS
Camille Dornelles - 10/10/2017 11h22 | atualizado em 10/10/2017 11h41

A Câmara dos Vereadores de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, iniciou um processo para que o livro Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira seja retirado das bibliotecas públicas do Estado do RS.
Nesta semana, os vereadores enviam uma moção de repúdio – aprovada por unanimidade na última quinta-feira (5) – para a instituição Santander Cultural, responsável pela exposição. O autor, vereador Eric Lins (DEM), explicou ao Pleno.News qual o objetivo da moção.
– Pedimos ao Santander Cultural para que retire o livro das bibliotecas, mas, mais do que isso, que devolva os R$ 900 mil de dinheiro público usados para a criação da exposição e do livro pela Lei Rouanet. Se ele devolver o dinheiro, está tudo certo – defendeu.
O político ainda revelou que a Câmara encaminhou um pedido ao prefeito de Uruguaiana (RS), Ronnie Mello (PP), para que determine o fim da circulação dos exemplares. A Prefeitura não tem prazo para retornar parecer sobre o pedido.

O livro contém imagens e explicações das obras que estavam na exposição cancelada em setembro. Lins também pediu à Câmara para que fosse feita uma vistoria nas bibliotecas da cidade a fim de encontrar outras publicações com conteúdo similar.
– As crianças vão até esses espaços e se deparam com isso, com essas imagens de zoofilia, pedofilia, blasfêmia. A arte não tem limites, mas nem tudo é arte. Não podemos aceitar conteúdo que faça apologia a essas coisas – atestou o vereador.
Além da exposição Queermuseu, o político falou sobre as manifestações artísticas La Bête, ocorrida no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, e da exposição Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina, inaugurada no dia 1º de setembro em Belo Horizonte.
– Transcenderam ainda um pouco mais os limites. Vejo que existe um esforço muito grande de identificar até onde a sociedade comporta ser transgredida. A mostra de BH têm desenhos de super-heróis em posição de sexo, isso atrai o olhar de crianças – declara.
Vereador Eric Lins, denuncia que os degenerados do Queermuseu (com patrocínio do Satãnder) estão enviando livros com as obras para escolas. pic.twitter.com/2WeX4s3tdU
— POLITZ (@PolitzOficial) October 7, 2017
O vereador publicou um vídeo em que fala sobre os casos. No sábado (7), ele criticou a derrubada do seu vídeo pelo Facebook e afirmou ser trabalho de “militância paga”.
– O Facebook retirou o vídeo do ar porque recebeu muitas denúncias de que ali continha cenas de pedofilia e zoofilia, sendo que eu apenas mostrei o que estava dentro do livro. Querem censurar que fale sobre a obra, mas não querem censurar as próprias obras – destacou.
O político ainda afirmou que não é contra arte, mas contra conteúdos que ferem a inocência das crianças.
– Defendemos, assim como o Estatuto da Criança e do Adolescente, as famílias e as crianças. Cada um pode fazer o que quiser dentro da sua esfera privada, desde que não use dinheiro público e não mexa com crianças – defendeu.
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