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Veja o que se sabe sobre atentado que matou professora em escola

O adolescente deve ser acusado por homicídio consumado e homicídio tentado

Priscilla Brito - 29/03/2023 11h37 | atualizado em 30/03/2023 17h18

Veja tudo o que se sabe sobre o ataque em escola de SP que deixou professora morta
Escola Estadual Thomázia Montoro Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Na manhã da última segunda-feira (27), um aluno, de 13 anos, protagonizou cenas de terror em uma escola na Zona Oeste de São Paulo. Após assassinar a facadas uma professora e ferir outras quatro pessoas, o menor foi apreendido e encaminhado ao 34° DP, onde o caso foi registrado. Antes que o adolescente ferisse mais gente, uma educadora conseguiu imobilizá-lo e outra docente o desarmou.

O governador do estado, Tarcísio de Freitas, decretou luto oficial de três dias pela morte da professora.

O ATAQUE
Um adolescente, de 13 anos, dentro da Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da capital, esfaqueou quatro professoras e um aluno. Uma das educadoras morreu. Ela fazia chamada quando foi atingida, nas costas, pelos golpes de faca do aluno recém-transferido para a unidade.

POR QUE ELE FOI TRANSFERIDO?
De acordo com o depoimento prestado pela direção do antigo colégio do agressor à polícia – Escola Estadual José Roberto Pacheco, na Grande São Paulo -, o aluno postava e compartilhava vídeos com armas de fogo simulando ataques violentos. Conforme boletim de ocorrência que a escola chegou a registrar, o aluno teria compartilhado fotos de armas com outros alunos.

A VÍTIMA
A professora de Ciências, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, levou cinco golpes de faca. Ela teve uma parada cardíaca e foi encaminhada ao Hospital Universitário da USP, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Elisabete tinha três filhos e quatro netos.

A professora foi enterrada nesta terça.

Professora Elisabete Tenreiro Foto: Arquivo Pessoal

FERIDOS
– Professora Ana Célia Rosa, de 58 anos, leciona História. Ela foi golpeada mais de uma vez pelo estudante, passou por cirurgia para sutura dos ferimentos e está estável;

– Professora Rita de Cássia, de 67 anos, também dá aulas de História. A docente já recebeu alta;

– Professora Jane Gasperini, de 57 anos, leciona Português. A vítima foi encaminhada para o hospital com ferimentos, mas já foi liberada;

– Um estudante também foi atacado a facadas e outro foi socorrido com crise de pânico. Os dois alunos foram liberados do Hospital Bandeirantes.

PROFESSORAS EVITAM MAIS ATAQUES
Câmeras de uma das salas da escola registraram o momento em que duas professoras seguram o aluno, impedindo assim mais ataques. Momentos antes, o autor do atentado agrediu uma professora que procurou se defender, mas acabou caindo no chão.

A professora de Educação Física, Cinthia Barbosa, imobilizou o aluno, enquanto Sandra Pereira, também professora, conseguiu retirar a faca da mão do agressor. Em seguida, agentes da Ronda Escolar chegaram ao local.

INVESTIGAÇÃO
O delegado Marcos Vinicius Reis, do 34° Distrito Policial, que investiga o atentado, descartou que o agressor tenha tido ajuda durante os ataques. Ao mesmo tempo, Reis reforçou que um possível apoio prévio ao estudante ainda é investigado.

– Dentro da escola não teve [ajuda], ele agiu sozinho – disse o delegado em entrevista à imprensa nesta terça-feira (28).

Sobre o apoio prévio de outras pessoas, Reis afirmou que é algo que demanda uma investigação por outra frente. O delegado passou cerca de duas horas na escola durante a manhã desta terça para participar da coleta de provas adicionais e, assim, avançar com as investigações do caso.

De acordo com Reis a reconstituição da cronologia visa entender por onde o aluno entrou na escola, em que momento colocou a máscara, onde tirou a faca da mochila, entre outros detalhes. Nesta segunda, a delegacia que investiga o caso ouviu 32 testemunhas sobre o ocorrido.

O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que “toda pessoa que curtiu ou comentou a publicação dele [agressor] vai ser objeto de investigação e trabalho da Polícia Civil”. Derrite se referia a publicações que o aluno realizou no Twitter, onde possui um perfil fechado.

O adolescente deve ser acusado por homicídio consumado e homicídio tentado.

TESTEMUNHAS
De acordo com alunos da escola ouvidos pelo jornal O Estado de São Paulo, o autor dos ataques teria se envolvido em uma briga na semana passada. O colega com quem brigou, que seria o principal alvo dos ataques, não foi à aula nesta segunda, mas prestou depoimento à polícia.

Um estudante da escola relatou que houve uma briga na escola, na semana passada, por causa de racismo. O autor do ataque teria xingado o colega de “macaco”. A professora Elisabete teria apartado o confronto.

– Hoje, esse menino que chamou o outro de macaco veio com uma faca e esfaqueou várias vezes (…) – disse referindo-se à professora morta pelo agressor.

O secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, confirmou os relatos das testemunhas e acrescentou que a professora Elisabete teria advertido o assassino.

Já o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que a direção conversou com o estudante agredido na sexta e que conversaria com o agressor nesta segunda.

Um aluno ressaltou que, durante todo ataque, o adolescente, de 13 anos, utilizava uma máscara de caveira. O acessório, semelhante à máscara utilizada pelos autores do massacre em Suzano e no atentado em Aracruz (ES), é símbolo de supremacistas brancos norte-americanos, uma ideologia que acredita na falsa ideia da superioridade natural do homem branco.

Um aluno que presenciou o ataque, ao relembrar o que aconteceu, ressaltou o acessório usado pelo aluno do 8º ano fazendo referência ao ataque em uma escola dos Estados Unidos em 1999.

– Sabe o atentado de Columbine? Ele estava com uma máscara assim – disse um estudante.

A ESCOLA
A direção da Escola Estadual Thomázia Montoro decidiu que a unidade ficará fechada por uma semana.

ONDE ESTÁ O AGRESSOR?
Após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitar a solicitação do Ministério Público, nesta terça (28), o agressor foi encaminhado para o Centro de Integração Inicial da Fundação Casa, onde ficará temporariamente internado por até 45 dias.

De acordo com o a Justiça, será “marcada uma audiência de apresentação para que ele seja ouvido, na presença de seus representantes legais”.

O adolescente pode cumprir medida socioeducativa de até três anos. O caso tramita em segredo de justiça.

SEGURANÇA PÚBLICA
De acordo com informações do G1, Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, falou sobre as medidas que o governo está tomando.

– O que nos cabe agora é intensificar os programas que já existem, em especial a ronda escolar, o programa Vizinhança Solidária Escolar, fazer com que novas tragédias como essa possam ser evitadas e não aconteçam – disse.

E relembrou:

– No dia de hoje nós tínhamos 207 viaturas realizando o patrulhamento de ronda escolar, nós temos uma estrutura que já funciona há anos. Além disso, temos alguns programas que já funcionam, temos também treinamentos sendo realizados no dia 23 com policiais militares e policiais civis com o tema “agressor ativo”, que pode ser usado para agressor ativo e atirador ativo, o que os policiais terão que fazer em ocorrências desse tipo. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 7h21 [pela escola] e chegou às 7h25 – disse o secretário.

Guilherme também garantiu apoio psicológico a alunos, professores, funcionários e pais de alunos.

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