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Universal recebeu R$ 72 milhões do “faraó” das criptomoedas

Igreja afirma, porém, que recebeu valores de "boa-fé" e que ingressou com ação para não ser "envolvida em crimes que não praticou"

Paulo Moura - 31/08/2021 09h14 | atualizado em 31/08/2021 12h06

Glaidson Acácio dos Santos foi preso pela PF Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) consta na lista de entidades que receberam grandes quantias da GAS Consultoria Bitcoin e de seu dono, o ex-garçom Glaidson dos Santos, apelidado de “faraó” das criptomoedas. Por isso, a IURD ingressou com uma ação para antecipar provas com o objetivo de não ser “envolvida em crimes que não praticou, pelo simples fato de ter recebido” doações “de boa-fé”.

De acordo com um levantamento da Receita Federal, as transferências do acusado para a IURD foram de aproximadamente R$ 29 milhões entre 2018 e 2020. A igreja, porém, confirma ter recebido valores ainda mais altos, de R$ 72,3 milhões, entre 4 de maio de 2020 e 12 de julho de 2021.

Assinado por 50 advogados, o pedido de antecipação de provas foi endereçado à Vara Cível de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, dois dias após a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) deflagrarem a Operação Kryptos, que levou Glaidson à cadeia. De acordo com a igreja, o ex-garçom colaborava, assim como os demais fiéis, “com o sustento do templo” de Cabo Frio.

Em nota, a IURD destacou: “Quanto a Glaidson Acácio dos Santos, informamos que ele ingressou no treinamento pastoral da Universal em 2003 e foi desligado pouco depois, por não atender aos padrões do ministério. Há alguns meses, a Igreja recebeu informações de que ele estaria assediando e recrutando fiéis e integrantes do corpo eclesiástico para participar de sua empresa”.

A Universal afirmou que, a partir de maio de 2020, foi verificado um expressivo aumento no volume de doações recebidas por meio de transferências bancárias realizadas por Glaidson e pela GAS. A ação da igreja afirma que, questionado pela liderança local sobre as doações, o ex-garçom respondeu que passava por “fase de grande prosperidade econômica”.

– Apesar da aparente justificativa, os valores das operações passaram a chamar muita atenção: nos últimos 14 meses, Glaidson efetuou transferências da ordem de R$ 12.813.000,00, enquanto a empresa G.A.S. doou R$ 59.490.000,00 – diz o documento, que apresentou uma planilha com as datas e os valores de todas as transações.

O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) confirmou que a defesa da Igreja Universal entrou com o pedido. Segundo o TJRJ, o processo foi distribuído e, atualmente, está na 1ª Vara Cível de Cabo Frio. Luciana Cesário de Mello Novais será a juíza responsável por analisar o pedido da igreja. A IURD informou que, antes de apresentar a ação, a Universal procurou Glaidson cobrando explicações.

– Em razão do exorbitante valor, que foge totalmente ao padrão de doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Jadson Santos, líder da Igreja Universal do Reino de Deus no estado do Rio de Janeiro, procurou Glaidson, cobrando informações, na tentativa de entender a real motivação de tal modo de proceder – diz um trecho da ação.

A Igreja Universal declarou também que não tem conhecimento sobre a origem dos valores doados por Glaidson e pela GAS, nem informações precisas sobre a legalidade das atividades exercidas por ele, que teriam possibilitado o acúmulo dos recursos.

– Sem os documentos e informações que se encontram em posse dos réus, estará a Universal impossibilitada de prestar esses esclarecimentos, podendo ser investigada e até sancionada, a partir da injusta vinculação a práticas duvidosas, com as quais não tem nenhuma relação, envolvimento, ou sequer conhecimento – afirma o documento.

Confira abaixo, na íntegra, a nota emitida pela Igreja Universal sobre o caso:

“UNIVERSAL JÁ HAVIA ALERTADO AS AUTORIDADES E PÚBLICO SOBRE SUSPEITA DE PIRÂMIDE FINANCEIRA”
“Há quase dois anos, desde o final de 2019, em inúmeras ocasiões, como provam os vídeos abaixo, a Igreja Universal do Reino de Deus vem alertando seus membros para os golpes embutidos em supostos investimentos em criptomoedas.

A Universal tomou esta atitude exatamente porque tem ciência de que um dos alvos destas pirâmides financeiras são as pessoas de boa-fé, especialmente das comunidades evangélicas. Todos sabem que o sucesso de uma pirâmide financeira depende da entrada constante de novos investidores. Daí a razão destas empresas buscarem se infiltrar em clubes, associações, corporações e especialmente igrejas, a fim de se valerem do espírito fraterno e de confiança que une seus membros. A Universal não compactua com nenhuma atividade ilícita, por mais ganhos que possa gerar. Ofertas que procedam de engano, fraude e injustiça não têm valor algum para Deus.

Quanto a Glaidson Acácio dos Santos, informamos que ele ingressou no treinamento pastoral da Universal em 2003 e foi desligado pouco depois por não atender aos padrões do ministério. Há alguns meses, a Igreja recebeu informações de que ele estaria assediando e recrutando fiéis e integrantes do corpo eclesiástico para participar de sua empresa, que demonstrava sinais que caracterizavam algum envolvimento com pirâmide financeira.

Para combater isso, além dos constantes alertas dados publicamente em seus cultos e programações de TV e rádio, a Universal tem feito rigorosas averiguações internas para assegurar que seus oficiais não promovam e muito menos se envolvam com estas pirâmides. É por esse rigor que alguns já não fazem mais parte do quadro de pastores da igreja.

Além disso, em maio deste ano, a Universal apresentou uma notícia-crime na Justiça contra os envolvidos. Mais recentemente, foi aberto um processo judicial cível para que Glaidson confirme à Igreja que os dízimos e doações que ofereceu como frequentador têm origem lícita. Ou seja, muito antes da operação policial da última semana que resultou na prisão de Glaidson, a Universal já vem alertando e cooperando com as autoridades para as devidas investigações.”

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