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Suspeito de furto, homem negro é torturado dentro de mercado

Vítima afirmou ter sido algemada e ter sofrido tortura psicológica

Gabriela Doria - 28/12/2021 15h55 | atualizado em 28/12/2021 16h06

Homem teria sido algemado e amarrado à barra de ferro Foto: Divulgação/Polícia Civil do Maranhão

Um homem negro denunciou à Polícia Civil do Maranhão ter sofrido ameaças, tortura psicológica e cárcere privado durante quatro horas dentro de uma unidade do supermercado do Grupo Mateus, na cidade de Santa Inês, no interior do estado, nesta segunda-feira (27).

A polícia prendeu quatro funcionários pelo crime. A vítima afirmou ter sido agredida porque o grupo suspeitou de que ele havia furtado o mercado. De acordo com o site Uol, foram presos os fiscais de prevenção de perdas do supermercado Lucas Rocha e Levi Araújo, o vigilante Willamy Antonio e o subgerente do supermercado Wellington Rodrigues.

Segundo a vítima, que tem 35 anos, ele foi ao supermercado na manhã de ontem, por volta das 8h, e comprou dois quilos de frango. Mesmo com o produto na sacola e com a nota fiscal em mãos, ele foi abordado por um vigilante ao tentar sair do estabelecimento.

O homem alega ter sido levado, por uma escada, até a sala da gerência do comércio. Lá, foi fotografado e, em seguida, levado aos fundos da loja, onde está localizado o almoxarifado. Segundo o depoimento, neste local ele foi algemado e amarrada a uma barra de ferro, onde ficou por cerca de quatro horas. Neste período, ele sofreu ameaças, inclusive com arma de fogo, para confessar o suposto furto.

– Os funcionários, em vez de realizarem o procedimento legal de acionamento da Polícia Militar ou da Polícia Civil, para que ele fosse conduzido e autuado pelo crime de furto, o que eles fizeram foi amarrá-lo, praticar tortura psicológica e ainda tortura física, porque ele foi mantido amarrado em uma barra de ferro, em pé, por quatro horas – detalhou o delegado Allan Santos, de Santa Inês.

Ainda de acordo com o titular, nas imagens de segurança é possível ver que a vítima carregava duas sacolas, uma delas contendo o frango e outra com itens diversos.

– Na versão oficial dele [da vítima], ele informa que não praticou nenhum tipo de furto. Ele diz que se dirigiu ao açougue, pediu dois quilos de frango, saiu e pagou pelos frangos. Há até a nota fiscal, que foi fornecida por um dos presos e estava no bolso dele. Mas, pelas imagens, dá para ver que ele realmente estava tentando sair com um carrinho que tinha duas sacolas, uma na parte de cima e outra na parte de baixo. Com essas sacolas, ele foi convidado a subir algumas escadas e, ao abrir uma das sacolas, tinha outros gêneros alimentícios – afirmou o delegado.

O homem foi solto por volta das 14h e voltou para casa levando apenas o frango. Em seguida, ele procurou uma delegacia e registrou boletim de ocorrência. Agentes da Polícia Civil foram até o supermercado e encontraram os funcionários envolvidos no crime.

– Chegamos ao supermercado e encontramos as pessoas que ele apontou como autores dos crimes. Havia mesmo um almoxarifado, que era usado para depósito de eletrônicos. Também encontramos, na sala de monitoramento de vídeo, a algema utilizada, e, no local onde ele apontou, encontramos o fio elétrico cortado utilizado para amarrar a algema na estrutura metálica onde ele ficou – completou.

Por causa do pouco tempo entre a agressão e a denúncia, e os elementos encontrados no estabelecimento, que corroboravam a versão do denunciante, os funcionários foram autuados em flagrante por tortura e cárcere privado. Eles foram encaminhados à Unidade Prisional de Ressocialização de Santa Inês.

Sobre o suposto furto de alimentos, a polícia afirma que ainda precisa de investigação.

– Mesmo que tivéssemos a informação [de] que ele praticou efetivamente o furto, não poderíamos dar a voz de prisão porque não havia mais a situação de flagrante devido ao lapso de tempo entre o suposto fato e a denúncia – disse.

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