Sociedade de Oftalmologia após infecções em cirurgia: “Raridade”
Oito pacientes perderam globo ocular após mutirão contra catarata no RN
Thamirys Andrade - 16/10/2024 16h21 | atualizado em 16/10/2024 16h27
Após vir à tona que pacientes foram infectados com uma bactéria após cirurgias de catarata promovidas pela Prefeitura de Parelhas, Rio Grande do Norte, o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), Oswaldo F. Moura Brasil se pronunciou sobre o caso. Ele afirma que as infecções bacterianas em procedimentos oftalmológicos são uma “raridade” e frisou que os procedimentos são “extremamente seguros”.
– As cirurgias oftalmológicas são feitas com bastante frequência, são extremamente seguras e têm alto índice de satisfação. A infecção bacteriana é, realmente, uma raridade. São raríssimos os casos. Por isso que, quando eles aparecem, chamam tanto a atenção – declarou ao portal Metrópoles.
O profissional de saúde ainda afirmou que o episódio ocorrido em Parelhas deve ser investigado para verificar se houve “alguma falha no processo”, mas voltou a ressaltar que tratam-se de episódios “realmente muito pouco frequentes”.
ENTENDA
Um mutirão feito pela Prefeitura da cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, para realizar cirurgias de catarata virou alvo de apuração do Ministério Público e inquérito civil. Isso porque ao menos quinze pacientes foram infectados por uma bactéria após passarem pelo procedimento, e oito deles tiveram que retirar o globo ocular devido à infecção.
O mutirão foi realizado entre nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade Graciliano Lordão. No total, foram feitas 48 cirurgias, mas apenas as que ocorreram no dia 27 apresentaram contaminação.
Os primeiros sintomas de que havia algo errado começaram a aparecer entre 24h e 36h após as cirurgias. Ao serem submetidos a exames, os pacientes foram diagnosticados com a bactéria Enterobacter cloacae, que representa um risco para pessoas com sistema imunológico baixo e é resistente a diversos antibióticos.
Em razão do ocorrido, oito pessoas perderam o globo ocular, e outras quatro precisaram ser submetidas a uma cirurgia complexa chamada vitrectomia. Esse procedimento consiste em remover o vítreo, um fluido gelatinoso e transparente que preenche a maior parte do interior do globo ocular e que mantém a forma do olho. Na cirurgia, esse fluido é substituído por um gás ou um líquido.
Além deles, outros três pacientes infectados estão sendo tratados em casa e já tiveram 80% da infecção solucionada, embora ainda não tenham voltado a enxergar.
Em nota, a Prefeitura de Parelhas disse ter disponibilizado assistência médica completa às vítimas, apoio psicológico a elas e suas famílias. No comunicado, consta que as cirurgias foram feitas pela empresa Oculare Oftalmologia Avançada Ltda., contratada após processo de licitação.
– Durante a atuação médica especializada em oftalmologia não possuímos registros de infecções em cirurgias realizadas em outras oportunidades. O oftalmologista responsável pelas cirurgias em Parelhas/RN possui em seu histórico mais de 2 mil cirurgias realizadas com sucesso e satisfação – afirmaram.
A Oculare, por sua vez, disse lamentar o ocorrido e declarou que a gestão municipal está prestando atendimento contínuo de alta qualidade aos pacientes infectados. Também afirmou estar colaborando com as autoridades para “investigar e solucionar a situação o mais rapidamente possível”.
Os testes para verificar como e onde ocorreu a contaminação serão realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN), em todas as etapas do procedimento.
Leia também1 Oito pacientes perdem olho após infecção em cirurgia de catarata
2 Irmãs gêmeas de 6 anos morrem em intervalo de 8 dias no RS
3 Por que a criança que matou 23 animais não pode ser punida?
4 Superfungo: BH confirma quatro casos; outros 24 fizeram exames
5 Impacto ambiental da IA desafia tecnologia, alertam cientistas