Sequestro na Ponte: Por trás das negociações
Major da PM fala sobre os procedimentos de negociação em casos de sequestro
Virgínia Martin - 20/08/2019 10h07 | atualizado em 20/08/2019 11h03
Um sequestro mobilizou a ponte Rio-Niterói desde as 6 horas da manhã desta terça-feira (20). Passageiros de um ônibus da Viação Galo Branco foram feitos reféns por um homem armado, portando uma faca e material combustível. Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar estão no local e um esquema de negociação foi articulado durante três horas. Sobre os procedimentos que são realizados neste tipo de operação, o Major da Polícia Militar, Paulo Roberto Dias da Silva, traz informações de como a polícia age a fim de que os reféns sejam liberados com vida.
Dias ressalta que tempo e negociação são fundamentais nestas circunstâncias. E que os profissionais especializados sabem como dissuadir o sequestrador para que desista do crime e todos os envolvidos saiam ilesos.
– A pessoa que comete o sequestro sabe que não tem como sair. A questão passa a ser de confiabilidade porque ele precisa, neste momento, acreditar que vai sair com vida. A negociação se firma na confiança dele de que ele sairá com vida e irá liberar as vítimas.
Em atuação na PM há 33 anos, Major Dias tem experiência em treinamento, em riscos e em serviço de segurança. Ele explica que durante a negociação existe um gestor de crise e um negociador. Nestas emergências, os procedimentos podem ser administrados pelo Batalhão de Operações Especiais ou pela Polícia Militar. O negociador faz uma avaliação estratégica para que não haja agravamento da situação. E tem todas as informações com prioridade para que reféns saiam com vida.
– Mas chega uma hora em que o psicológico do infrator não aguenta e ele pensa que a melhor coisa que tem que fazer é ir liberando todo mundo e responder na justiça pelo ato que cometeu. Demora, muitas vezes, e ele vai sendo vencido pelo cansaço .
Durante toda ação policial, é o gerente de crise quem presta conta de todo o processo até o seu encerramento. Major Dias explica que em caso de um tempo muito longo de negociação ou sob orientação do gestor de crise, um negociador pode trocar com outro negociador. E que o trabalho é uma espécie de “briga psicológica”. Até o momento em que o sequestrador se entregue ou o uso de um sniper seja acionado.
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