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Sedativos usados por anestesista podem afetar mães e bebês

Substâncias são raras em cesarianas, diz especialista

Monique Mello - 14/07/2022 12h43 | atualizado em 14/07/2022 13h02

Além de fotos com uniforme e colegas de trabalho, Giovanni postava imagens de terno ou praticando atividade física Foto: Arquivo Pessoal

Um dos pontos da investigação da Polícia Civil sobre o anestesista Giovanni Quintella Bezerra é a quantidade de sedativos aplicada em suas vítimas. A corporação avalia se o médico se aproveitava de sua posição para facilitar os abusos cometidos por ele. O que se sabe é que Giovanni usava nas pacientes as drogas Propofol e Ketamina, que dependendo da dose administrada, podem ser prejudiciais à mulher e ao bebê.

As pacientes eram sedadas sem nenhum aviso prévio. A demora das mulheres para despertar após as cirurgias acendeu um alerta na equipe de enfermagem, que acabou desmascarando o profissional.

– A Ketamina é um tipo de droga que pode trazer alucinações dependendo da dose. É uma droga pouco usada para cesárea justamente porque pode prejudicar e trazer alucinações, em alguns casos. Já o bebê, pode nascer sem as respostas adequadas, como aquele primeiro choro, por exemplo. Qualquer droga pode passar para o feto e trazer efeitos, que podem ser passageiros ou mais demorados – explica o anestesista Luis Antônio Diego, diretor da defesa profissional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, ao Metrópoles.

– Se nós comprovarmos que houve sedações desnecessárias ou que, em doses excessivas, possam ter causado prejuízo ou risco à vítima, pode haver configuração de outros crimes. E aí, a gente vai avaliar qual seria o tipo penal — afirmou a delegada Barbara Lomba, responsável pelo inquérito e titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti.

SOBRE O CASO
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante, na madrugada de segunda-feira (11), por estuprar uma paciente enquanto ela estava dopada e passava por uma cesariana em um hospital na cidade de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.

As suspeitas sobre Giovanni começaram após profissionais de saúde notarem que ele utilizava uma quantidade anormal de anestesia nas pacientes. Além disso, a equipe de enfermagem percebeu, em outros procedimentos, movimentações corporais incomuns feitas por ele durante as cirurgias. Com isso, a equipe resolveu colocar um celular para gravar o que Giovanni fazia.

Foi então que, na gravação que chegou aos policiais, o anestesista foi flagrado colocando o pênis na boca de uma paciente enquanto participava do parto dela. A delegada Barbara Lomba, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, que realizou a prisão, destacou a importância da atuação dos profissionais de saúde para que Giovanni fosse detido.

– É importantíssimo nós destacarmos a atuação de uma equipe de enfermagem do Hospital da Mulher aqui de São João de Meriti, cidadãos e profissionais de saúde exemplares, que notaram, em outras cirurgias, o movimento do corpo do médico, do autor do crime. E, para que houvesse uma prova, eles decidiram posicionar um telefone celular de uma forma que não se visse – ressaltou.

Além de responder pelo caso no qual foi flagrado na gravação em vídeo, o anestesista é investigado por mais cinco possíveis atos similares cometidos nas unidades em que trabalhou, entre elas o próprio Hospital da Mulher Heloneida Studart, onde a equipe de enfermagem conseguiu gravá-lo.

Na tarde desta terça, o médico teve sua prisão convertida de flagrante para preventiva. Ele passou por uma audiência de custódia realizada na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, para onde foi levado no fim da tarde de segunda.

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