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“Se for tirar a dor dos pais, me condenem”, diz réu da Boate Kiss

Auxiliar da banda, Luciano Augusto foi o segundo acusado a depor no julgamento

Thamirys Andrade - 09/12/2021 16h53 | atualizado em 10/12/2021 15h10

"Se for para tirar a dor dos pais, me condenem", diz réu da Boate Kiss
Luciano Augusto Bonilha Leão Foto: Reprodução / RBS TV

Segundo réu a ser ouvido no caso da Boate Kiss, Luciano Augusto Bonilha Leão afirmou que a luta dos pais das vítimas é “legítima”, e, apesar de declarar-se inocente, ele disse estar pronto para ser condenado se o objetivo for atenuar a dor das famílias. Luciano era o auxiliar da banda Gurizada Fandangueira e foi quem acionou o artefato pirotécnico que iniciou o fogo na casa noturna.

– Tenho consciência tranquila [de] que não foi meu ato que tirou a vida desses jovens. Mesmo eu sabendo que sou inocente, que sou uma vítima, se for pra tirar as dor dos pais, eu estou pronto, me condenem – declarou Leão, diante do tribunal do júri.

De acordo com Luciano, a banda já havia feito ao menos nove shows com artefatos pirotécnicos, incluindo duas apresentações com fogos na Kiss. No entanto, ele afirmou não saber que o teto do palco havia sido rebaixado e revestido de espuma. Para ele, acreditava-se que tudo era “seguro”.

Luciano detalhou ainda ter acendido o fogo de artifício e o entregado ao vocalista da banda, Marcelo de Jesus. Ele conta ter permanecido junto ao palco e avistado que uma pequena chama havia atingido o teto.

– Era um fogo azul, pequeno. Peguei uma garrafa de água que estava no cubo do baixo e atirei. O fogo se espalhou – relatou.

Ele lamentou a dor dos parentes das 242 vítimas que morreram e mencionou a sua mãe, a quem chamou de “joia”.

– Se eu tivesse morrido lá, hoje sentada aqui tem a maior joia da minha vida, que é a minha mãe. Se eu tivesse morrido, ela não teria a escolha de pensar se o filho é assassino ou inocente. Ela ia tá ali sentada com eles [os familiares das vítimas].

Luciano é um dos quatro réus no caso da Boate Kiss. Ele e o vocalista, Marcelo de Jesus, são apontados pela polícia como responsáveis, por terem adquirido e acionado os fogos de artifício.

– Eles sabiam se destinar a uso em ambientes externos e direcionaram este último, aceso, para o teto da boate, que distava poucos centímetros do artefato, dando início à queima do revestimento inflamável e saindo do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate – diz o Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Ainda para o MP, os dois outros réus, Kiko e Mauro, são responsáveis por assumirem o risco de matar ao utilizarem, nas paredes e no teto, “espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício”.

A acusação ainda ressalta que a casa noturna estava superlotada, “sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório”.

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