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Relembre cinco tragédias que poderiam ter sido evitadas

Brasil tem histórico de tragédias anunciadas

Mayara Macedo - 20/02/2019 15h03 | atualizado em 20/02/2019 15h12

O descaso que resultou na catástrofe de Brumadinho está prestes a completar um mês e o Pleno.News listou cinco desastres que poderiam ter sido evitados. Em todas as situações havia o prévio conhecimento dos riscos e da possibilidade de morte de dezenas e centenas de vítimas inocentes. Confira:

BRUMADINHO – 2019
O desastre de Brumadinho é o mais recente e uma das piores catástrofes ambientais do país. No dia 25 de janeiro de 2019, uma barragem de rejeitos de mineração pertencente à companhia Vale se rompeu, liberando um mar de lama que foi soterrando a cidade. Foram 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos que inundaram o município, sem que nenhuma sirene de perigo tenha sido tocada para alertar as pessoas sobre o risco que corriam.

A lama avançou tão rápido que foi impossível avisar àqueles que estavam mais próximos da barragem. Como consequência disso, casas, pousadas, estabelecimentos e instalações da própria mineradora foram levados pela onda de rejeitos. O desastre causou a morte de 169 pessoas e 141 vítimas ainda permanecem desaparecidas.

Até o momento, oito funcionários da Vale foram presos sob suspeita de responsabilidade no acidente. Entre eles, engenheiros que atestaram a segurança da barragem. Um deles, Makoto Namba, alegou que foi pressionado a assinar o laudo. Para o juiz Rodrigo Heleno Chaves, que autorizou as prisões, os suspeitos já tinham conhecimento do risco de rompimento da barragem e não tomaram nenhuma providência.

Brumadinho Fotos: EFE/Antonio Lacerda, Lucas Landau, Yuri Edmundo e Paulo Fonseca

MARIANA – 2015
As imagens do mar de lama invadindo o subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, ainda é recente na memória dos brasileiros. A Barragem do Fundão, que ficava a 8 quilômetros de Bento Rodrigues, acumulava 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração e se rompeu, causando a morte de 19 pessoas.

A tragédia é considerada o maior desastre ambiental na história do Brasil. O subdistrito foi soterrado e 770 mil hectares de área de preservação permanente foram prejudicados pela lama. Um dos principais danos ecológicos foi a contaminação da foz do Rio Doce, no Espírito Santo. No total foram 39 municípios mineiros afetados pelo desastre.

Até hoje a população de Mariana sofre com a contaminação de metais pesados, problemas respiratórios e de pele. A empresa responsável pela barragem é a Samarco, controlada pela Vale, a mesma vilã de Brumadinho. As investigações apontaram que a mineradora tinha ciência do risco de rompimento e o Ministério Público revelou omissão no processo de licenciamento ambiental das operações.

Apesar de todas essas informações, ninguém foi preso. Foram aplicadas 68 multas, mas apenas uma está sendo paga.

Mariana Foto: Léo Rodrigues/ Agência Brasil

REGIÃO SERRANA – 2011
O mês de janeiro é conhecido não só pelo forte calor, mas também pelas fortes tempestades de verão. O Brasil acumula inúmeras tragédias provocadas pela chuva. Uma das cinco catástrofes nacionais aconteceu no ano de 2011 e tomou proporções inimagináveis com o maior deslizamento de terra da história do Brasil.

O fatídico episódio aconteceu após uma sequência de chuvas sobre a Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Diversas áreas ficaram inundadas e ocorreram grandes deslizamentos. Verdadeiras avalanches de terra resultaram em 918 mortos, 99 desaparecidos e 30 desabrigados.

Os estragos não pararam por aí. Milhares de pessoas foram afetadas por doenças, como a leptospirose, causadas pela água que foi poluída pelas enchentes. Os municípios mais afetados foram Teresópolis, Nova Friburgo, Bom Jardim, Petrópolis, Sumidouro, Areal e São José do Vale do Rio Preto, que decretaram estado de calamidade pública.

A tragédia foi tratada como desastre natural e ninguém foi responsabilizado diretamente. Porém, investigações revelaram que havia um déficit habitacional, ocupações irregulares, falta de infraestrutura e que não houve trabalho preventivo nos lugares mais afetados. Os órgãos administrativos alegaram que não houve tempo suficiente para tomar as medidas necessárias.

Região Serrana – RJ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

MORRO DO BUMBA – 2010
Na noite de 7 de abril de 2010, houve um deslizamento na região conhecida como Morro do Bumba, em Niterói, Rio de Janeiro. Cerca de 600 metros de terra foram deslocados, destruindo casas, creches, estabelecimentos e igrejas. Naquela noite chuvosa, moradores se viram desabrigados e desesperados, pois o número de desaparecidos era alto. As 50 casas que havia no local foram varridas, famílias inteiras foram soterradas e 48 pessoas morreram. Até hoje há vítimas que não foram encontradas.

A tragédia do Morro do Bumba era anunciada. Especialistas já haviam alertado sobre o alto risco de habitações no local onde, no passado, era um lixão e, portanto, o solo não era estável para firmar construções.

Além disso, o nível de gás metano identificado na área era elevado, o que poderia resultar em explosões. Nada poderia ser construído ali. A recomendação para que tirassem os moradores daquela área foi feita, mas não cumprida. Em vez disso, o governo havia feito um trabalho de urbanização no local, o que atraiu ainda mais moradores para a favela.

Morro do Bumba Foto: Vlamir Platonow/Agência Brasil

ILHA GRANDE/ANGRA DOS REIS – 2009
A festa de Réveillon de 2009 deixou lembranças infelizes para moradores e turistas que estavam no distrito de Ilha Grande, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Na madrugada de 1° de janeiro de 2010, uma encosta desabou e uma avalanche de pedras e lama destruiu a famosa pousada Sankay, onde hóspedes comemoravam a virada do ano. Só ali, 31 pessoas morreram. Ao redor da pousada havia outras casas que desapareceram. A noite de horror não parou com a Sankay. No centro de Angra, metade do Morro da Carioca desabou, fazendo mais 22 vítimas fatais.

Após a tragédia, 1.747 imóveis foram interditados, 250 famílias ficaram desabrigadas e 198 construções foram demolidas. Todos estavam em áreas com risco de deslizamento. Contudo, o desastre que ceifou 53 vidas poderia ter sido evitado se as autoridades tivessem seguido as recomendações de um estudo feito em 2007. Nele, pesquisadores do Projeto de Proteção da Mata Atlântica e do Instituto Estadual de Ambiente alertaram sobre o risco das construções na Praia do Bananal, onde ficava a pousada. Mais uma vez, nada foi feito a respeito.

No caso do Morro da Carioca, a história é conhecida: ocupação irregular, acúmulo de lixo e solo instável. Especialistas afirmaram que Angra não tinha suporte para receber tantos habitantes naquelas áreas. A população foi atraída pelos empregos oferecidos na região, principalmente para trabalhar nas usinas nucleares que, por sua vez, não estão isentas do risco de serem alvos de deslizamentos.

Angra dos Reis Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

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