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“Queremos trabalhar”: A luta do setor de bares no lockdown de SP

Secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores do setor relata o atual quadro do comércio

Monique Mello - 02/03/2021 14h55 | atualizado em 02/03/2021 16h01

Lockdown prejudica setor de bares e restaurantes
Lockdown prejudica setor de bares e restaurantes Foto: Pixabay

Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, em março de 2020, os trabalhadores do setor de bares e restaurantes vêm sendo duramente penalizados. Os estabelecimentos tiveram de ser fechados às pressas, sem aviso prévio que permitisse um mínimo de planejamento e sem incentivo à manutenção dos negócios e dos empregos.

Com alimentos perecíveis em estoque, muitos amargaram altos prejuízos e lidaram com a incerteza da reabertura. Como consequência, houve um grande volume de fechamentos e demissões no segmento.

Em São Paulo, o setor tem travado uma batalha com o governador do estado, João Doria, adepto de medidas mais restritivas de isolamento social.

No dia 2 de fevereiro, representantes do setor de bares e restaurantes realizaram um protesto na Avenida Paulista, região central de São Paulo, contra o fechamento do setor à noite e nos finais de semana em SP. Pressionado, Doria chegou a anunciar um abrandamento de medidas restritivas nos fins de semana.

No entanto, na última sexta-feira (26), o governo do estado anunciou o retorno à fase laranja, em que o comércio será limitado a oito horas diárias, com encerramento até as 20h.

Rubens Fernandes da Silva, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de São Paulo e região (Sinthoresp), conta ao Pleno.News sobre as estratégias adotadas pelo setor e suas reivindicações.

No que se refere à manutenção de empregos, Rubens diz que as negociações coletivas foram fundamentais.

– Elas [as negociações] permitiram, de maneira emergencial, a suspensão dos contratos de trabalho, mediante pagamento de auxílio, e a redução de jornada e de salário. Não fosse isso, os impactos no setor seriam ainda mais devastadores – conta o secretário-geral do Sindicato.

De acordo com Rubens, o setor se dedicou na elaboração de protocolos de segurança e em treinamentos para proteger trabalhadores e clientes, reduzindo a capacidade de atendimento, o distanciamento entre as mesas, o uso de álcool em gel, máscaras e protetores faciais como itens obrigatórios.

Ainda assim, novas ordens de fechamento dos estabelecimentos à noite e nos finais de semana, justamente nos períodos de maior movimento, foram estabelecidas pelo Plano São Paulo.

São Paulo teve aumento de restrições
São Paulo teve aumento de restrições Foto: EFE/Fernando Bizerra

– O mesmo critério não foi considerado para o transporte público, acesso às praias nas festas de Natal e Réveillon. Trata-se de uma grande contradição colocar bares e restaurantes como vilões da pandemia, enquanto nada vem sendo feito para reduzir esse [outro] tipo de aglomeração. Com o desemprego batendo novamente à porta, os trabalhadores mais uma vez são surpreendidos por mais um decreto que limita o funcionamento dos estabelecimentos e não recebem aparato algum dos governantes – declara Rubens.

Trata-se de uma grande contradição colocar bares e restaurantes como vilões da pandemia

O setor de bares e restaurantes congrega um milhão de negócios e gera seis milhões de empregos diretos em todo o Brasil, representando atualmente 2,7% do PIB nacional. Para Rubens, prejudicar o setor, diante de uma situação que já é crítica, significa prejudicar ainda mais o trabalhador com o consequente aumento do desemprego e a aniquilação de qualquer possibilidade de recuperação econômica nos próximos meses.

– É importante ressaltar aqui que a preocupação não é simplesmente econômica, é, acima de tudo, uma preocupação de cunho social. Estamos falando de pessoas desempregadas, passando fome, sem condições de manter suas famílias e cruzando a linha da miséria. Pessoas que precisam trabalhar, sobreviver e que estão longe de ser as vilãs dessa história – ressalta.

O secretário defende também que manter bares e restaurantes fechados abre espaço para a proliferação de festas clandestinas, onde acontecem aglomerações em massa, sem nenhuma medida de proteção e longe dos olhos da fiscalização. Além disso, eventos como esses não contribuem para a geração de empregos formais.

– Com a chegada da vacina, a situação tende a melhorar e precisamos de fôlego para resistir por mais algum tempo. Enquanto isso, o trabalhador do setor de bares e restaurantes não pode ser punido pelo aumento nos casos da doença. O Sinthoresp e outras entidades do setor defendem o direito de trabalhar com segurança, e se comprometem, com responsabilidade, na preservação da vida e dos empregos.

Rubens finaliza se mostrando a favor do diálogo para que se chegue a soluções.

– Precisamos que o Estado garanta condições para as pessoas exercerem suas atividades e estamos a postos para dialogar em prol de soluções, seguindo todos os protocolos necessários, pois, assim, o benefício será enorme tanto para o sustento de milhares de famílias quanto para a economia e para a saúde da população. Poder trabalhar com segurança, essa é a nossa luta – finaliza.

Em entrevista ao Pleno.News, a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos), falou sobre seu projeto de lei que visa isentar de impostos os comerciantes do setor enquanto a situação da pandemia não se normalizar.

Rubens
Rubens Fernandes da Silva é secretário-geral do Sinthoresp Foto: Reprodução

 

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