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Psiquiatra vê sinais de delírio em áudio de esposa de personal

Especialista destaca, contudo, que é necessária análise aprofundada do caso

Thamirys Andrade - 19/03/2022 14h36 | atualizado em 19/03/2022 15h56

Personal diz que esposa estava em surto psicológico Foto: Reprodução/Print de vídeo Twitter Metrópoles

O psiquiatra Rafael Maksud analisou os áudios de Sandra Mara Fernandes, mulher de 33 anos que foi flagrada tendo relações sexuais com um morador de rua, de 48 anos, no Distrito Federal. Em resposta a uma solicitação do jornal O Globo, o especialista buscou elucidar se Sandra poderia estar de fato em um surto psicológico na ocasião, teoria do marido dela, o personal trainer Eduardo Alves de Sousa, de 31 anos.

Segundo Maksud, que é psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), não há como fazer um diagnóstico preciso sem análise profunda do histórico do paciente. Entretanto, ele afirma que pode-se notar sinais no áudio que corroboram com a tese de que ela estaria fora de si.

– Fica muito difícil, somente com o áudio, analisar questões de adoecimento psíquico. Mas quando ela diz que aceitou se relacionar com o morador de rua porque estava vendo a imagem de Deus e, em outros momentos a imagem do esposo, há um sinal de alteração na percepção, alucinações visuais, auditivas, que compõem um surto psicótico – ponderou o especialista.

Maksud esclarece que, geralmente, pessoas que chegam à condição de um surto costumam inicialmente dar sinais sutis antes de chegarem à fase mais aguda da doença.

– Quando falamos de surto psicótico, isso não vem a se desenvolver de uma maneira tão abrupta, em aspecto de minutos ou horas. A pessoa, antes de chegar a um quadro clínico agudo, vai dando alguns indícios anteriores de alteração de comportamento, de pensamento. Em raras exceções, acontece de forma abrupta quando há uso de substâncias psicoativas ilegais.

O psiquiatra pressupõe que se o marido sustenta que Sandra passava por um surto na ocasião, significa que “possivelmente ele já vinha percebendo alguma alteração de comportamento”, “alguma atitude mais inapropriada” ou “uma fala um pouco mais desconexa” por parte da esposa.

A tarefa de definir se Sandra encontrava-se ou não em uma situação de vulnerabilidade psiquiátrica é um desafio para a Polícia Civil, que busca esclarecer se houve violência sexual por parte do morador de rua.

Em sua análise, Maksud respondeu se o sem-teto poderia ter percebido um possível estado de fragilidade psicológica da mulher na ocasião.

– Eu não sei quais eram as condições deste homem que teve relações sexuais com a mulher e seu estado de sanidade. Mas, se ele se encontra em estado de sanidade plena, é bem provável sim que possa ter acontecido de ter tirado proveito da situação, mesmo sabendo que alguma coisa ali poderia estar acontecendo de errado, que aquela moça não estava no seu estado de plenitude, falando coisa com coisa, e com comportamentos inapropriados – analisou.

O psiquiatra ressalta, contudo, que também não se sabe qual era a condição psíquica do sem-teto e se ele teria de fato capacidade de analisar o estado da mulher naquele momento. Ele reiterou que é preciso uma avaliação médica profunda para traçar um diagnóstico seguro.

– É importante ouvir familiares, tentar entender todo o histórico dessa pessoa. Em 95% das vezes o diagnóstico psiquiátrico é muito baseado através de uma boa anamnese, ou seja, um histórico de vida muito bem detalhado, desde a infância, adolescência, até a vida adulta – finalizou.

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