Gabriela Doria e Jade Nunes - 25/04/2018 20h59 | atualizado em 26/04/2018 15h37

O recente suicídio de dois alunos do tradicional Colégio Bandeirantes, em São Paulo, está causando comoção e levantando discussões pelo país. Diante do choque causado pelos acontecimentos e da suposta falta de motivo, muitos pais se perguntam se seus filhos também não estariam em perigo.

Em entrevista ao Pleno.News, a psicóloga clínica especializada em psicanálise, Daniely de A. Gonçalves, comentou o caso.

– O suicídio é uma expressão, uma forma de linguagem. É um pedido de socorro, endereçado a alguém, mesmo que após a morte – explicou a psicóloga.

Gonçalves também destacou a coincidência de perfis dos alunos, assim como o espanto da sociedade diante dos casos.

– As pessoas se surpreendem e se perguntam: “Como uma pessoa que tem tudo pode fazer isso? O que está faltando?”. Acontece que na sociedade capitalista, a felicidade está associada a ser bem-sucedido e tirar boas notas, ter sucesso. Mas muitas vezes o foco está no vestibular e o lado afetivo é esquecido – avaliou a psicanalista.

Apesar do tema delicado, ela ressalta a importância de se falar sobre o assunto.

– O período da adolescência é de transição e é muito complicado. As pessoas temem que, se isso for falado demais, possa se tornar um surto, ser estimulado. Mas isso não é de imediato, existe uma história que evolui na cabeça da pessoa há algum tempo. Adolescer é crescer e adoecer. É um risco e cada um passa do seu modo. No entanto, é necessário uma escuta e um preparo para aquela escuta e aquele olhar – destacou a psicóloga.

– Mas está sendo importante porque algumas escolas estão repensando determinadas questões. Perceberam que não basta apenas focar no educacional, na competitividade. Tem um projeto surgindo em prol do emocional, do resgate dos valores sociais – pontuou Gonçalves.

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