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Propina da Fetranspor vem desde os anos 1980, diz Cabral

Ex-governador disse que a prática começou com o ex-ministro Moreira Franco

Henrique Gimenes - 05/04/2019 21h51

Ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Foto: Reprodução

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse, nesta sexta-feira (5), que a propina paga pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) a políticos vem desde os anos 1980. A declaração foi dada durante um depoimento ao juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

Ele pediu para ser interrogado no processo Ponto Final, responsável por investigar as relações entre empresários de ônibus do estado e políticos. Entre os nomes citados estão os do ex-ministro Moreira Franco, do ex-prefeito Eduardo Paes e também o do prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Logo no começo do depoimento, Cabral disse que decidiu colaborar com a Justiça.

– Em nome de Deus, da minha família, da minha esposa, decidi colaborar, confessar, do arrependimento à Justiça e à sociedade. Venho aqui com o coração aberto, com disposição de falar amplamente tudo o que desejarem, colaborar com a Justiça, com a verdade, com o Rio de Janeiro, revendo os meus erros. É hora de falar dos erros – apontou.

O ex-governador então cita o início da Fetranspor, no governo de Moreira Franco, quando ficou instituída a primeira propina.

– Surge a Fetranspor. O Moreira Franco é o governador. Cria-se na Alerj [Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro] a primeira propina instituída. O procurador-geral de Justiça era o Carlos Navega, que criava soluções às empresas. Recebia, junto com o Moreira Franco, propina por isso. No plano Legislativo, Navega e Moreira trabalhavam para o retorno das empresas aos seus donos – ressaltou.

Ele diz então que a prática passou pelos governos de Leonel Brizola, de Marcello Alencar, de Anthony Garotinho, de Rosinha Garotinho, do próprio Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Sérgio Cabral também disse que, em 2008, Crivella o procurou oferecendo apoio ao então candidato Eduardo Paes na disputa com o então deputado federal Fernando Gabeira pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O atual prefeito terminou a disputa em terceiro lugar na ocasião.

– O Crivella me liga e pede uma conversa no Laranjeiras, eu o recebo, em 2008, no início do segundo turno. Diz que está sendo pressionado a apoiar o Gabeira. Disse que o Armínio Fraga ofereceu um 1 milhão de dólares para apoiar o Gabeira. Eu e ele, sem testemunhas, no Palácio das Laranjeiras. Eu liguei para o Eike Batista. Fui à casa do Eike. Chamei ele num canto e disse que combinei em dar 1,5 milhão de dólares para o Crivella. Ele disse tudo bem. Marquei com o Paes às 6h. Contei a ele. Me recebeu o Eike e o executivo dele. O Crivella chegou com o sobrinho, Mauro Macedo. Tinha um café da manhã. Falamos por 30 minutos. Gravamos um spot do Crivella apoiando o Eduardo Paes – contou.

Sobre as afirmações, o prefeito Marcelo Crivella chamou tudo de “grande mentira”. Em um vídeo publicado no Facebook, ele disse que “diante de Deus, eu quero afirmar a todos que eu jamais venderia o interesse das pessoas para ganhar vantagens pessoais”.

Os advogados de Anthony Garotinho e de Rosinha Garotinho explicaram “com veemência, não haver uma única verdade no depoimento do ex governador Sérgio Cabral, sendo fantasiosas as acusações imputadas aos mesmos”.

O ex-deputado Fernando Gabeira disse ignorar “esse fato, inclusive nunca vi tanto dinheiro na minha vida. Quem garante que o fato ocorreu? Eu duvido que tenha acontecido, porque nunca tivemos 1 milhão de dólares para a nossa campanha”.

O ex-governador Moreira Franco destacou que, “em situação processual e jurídica difícil, com diversas condenações que lhes ultrapassam a existência, condenados – candidatos a delatores – sentem-se imunes aos riscos da calúnia e da difamação, assim, volta e meia ousam imputar algo, de forma leviana, a alguém”.

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