Preso por fraudes na Saúde cita Witzel e PGR é notificada
Governador foi citado em diálogo interceptado entre suspeitos
Gabriela Doria - 15/05/2020 19h44 | atualizado em 15/05/2020 21h29

Investigadores da Lava Jato do Rio de Janeiro enviaram à vice-Procuradoria-Geral da República depoimentos que supostamente citam o governador Wilson Witzel no âmbito da Operação Favorito, que prendeu o empresário Mário Peixoto e mais 14 pessoas.
Peixoto é suspeito de ser o verdadeiro dono da organização Instituto Unir Saúde, que gerencia unidades de pronto-atendimento (UPA) no estado. Peixoto também estaria por trás de contratos milionários de hospitais de campanha para a Covid-19. Em outubro passado, a OS foi proibida de ser contratada pelo estado, mas Witzel assinou despacho, em março, permitindo a contratação da OS novamente.
Em um diálogo interceptado pelas autoridades, Luiz Roberto Martins Soares, outro dono da Unir, comemora a decisão de Witzel.
– O ‘zero um’ do palácio assinou aquela revogação da desclassificação da Unir – disse ao telefone.
Esta declaração fez com que as suspeitas recaíssem sobre o governador.
Em comunicado, a PGR afirmou que “não há nenhuma informação acerca deste assunto”.
– Não confirmamos que o governador é alvo de investigação – diz a nota da PGR.
Por causa do foro privilegiado de Witzel, o caso foi enviado direto à Procuradoria.
O governo do estado do Rio de Janeiro não se manifestou sobre a suposta menção a Witzel por parte de um do presos. No entanto, o executivo afirmou que irá descredenciar uma das empresas que foi alvo da operação. O governo também afirmou que irá abrir uma investigação sobre as supostas fraudes em contratos com o estado.
OPERAÇÃO FAVORITO
O empresário Mário Peixoto, ligado ao secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Lucas Tristão, braço-direito do governador Wilson Witzel (PSC), foi preso na manhã desta quinta-feira (14) na Operação Favorito, deflagrada em conjunto pelas polícias Civil e Federal.
A detenção na Operação Favorito ocorreu no âmbito das investigações da Operação Lava Jato sobre atos durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral.
É atribuída a Peixoto a nomeação de cargos-chave no Detran, Cedae, Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Loterj, entre outros órgãos da atual administração estadual. A empresa de sua família, a Atrio Rio, já firmou R$ 81 milhões em contratos com a gestão Witzel, boa parte sem licitação. Ela atua na terceirização de mão-de-obra para o estado.
Além do empresário, também é alvo da ação o ex-presidente da Assembleia Legislativa fluminense Paulo Melo (MDB), e outros três pessoas cujos nomes não foram divulgados.
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