Preso com carne humana na mala confessou crime em áudio
"Reagi e passei ele, tá ligado?", disse Begoleã Fernandes a um amigo
Thamirys Andrade - 06/03/2023 11h13 | atualizado em 06/03/2023 15h54

Preso em Portugal por suspeita de homicídio, o brasileiro de 26 anos que foi flagrado com carne humana na mala confessou o crime em um áudio em que pedia ajuda a um amigo. No conteúdo, Begoleã Fernandes afirma que agiu em legítima defesa após Alan Lopes, de 21 anos, atacá-lo com intenções canibais.
– Oh, Messias, ora por mim, meu irmão, que eu tô beleza, graças a Deus. Mas o que eu passei não foi brincadeira. Ele é canibal. Já tem muito tempo que a galerinha dele sabe, entendeu? (…) Só que é uma parada tão bizarra, mas tão, mas tão bizarra que ninguém acredita. (…) Eu fui lá e os meninos tinham me avisado que era uma armadilha para ele me pegar, tá ligado? (…) Aí, na hora que ele tentou me pegar, eu estava com a faca, eu fui e reagi e passei ele, tá ligado? Me ajuda aí, mano, pelo amor de Deus! – diz ele na gravação obtida pelo G1.
Em entrevista ao portal, a mãe do acusado, Carla Pimental, confirmou que a voz registrada no áudio é a de seu filho.
Begoleã foi preso no aeroporto de Lisboa, em Portugal, na última segunda-feira (27). Ele é natural de Matipó, na Zona da Mata de Minas Gerais. Além de carne humana, ele ainda portava documentos falsos consigo quando foi detido.
A defesa alega que o seu cliente transportava os materiais a fim de provar sua inocência, mas não explicou como eles ajudariam na comprovação.
– [A legítima defesa é] comprovada através do agarrar a lâmina com a mão direita para impedir que fosse morto, e a prova continua bem visível na mão direita. Só tentou fugir da Holanda, mais uma vez, para evitar ser morto – disse seu advogado.
De acordo com Carla, seu filho está “apavorado”, e a defesa está trabalhando “contra o tempo”.
– O advogado do Begoleã está correndo contra o tempo para montar uma defesa. Como tem o áudio mesmo, a primeira ligação que ele fez para um amigo de Amsterdã ele confessava dizendo o que tinha feito. Meu filho estava apavorado! – declarou.
A irmã do acusado, por sua vez, admite que a versão de Begoleã é confusa e carece de sentido. Em sua visão, ele devia estar sob efeito de entorpecentes.
– Sobre a história do canibalismo, eu acredito que ele estava sobre efeito de drogas, imaginou e acreditou nisso, porque ele relata que meu irmão ofereceu carne humana, sendo que a carne está lá na casa do mesmo jeito que ele deixou – apontou.
Alan Lopes trabalhava como açougueiro em Amsterdã, na Holanda, onde residia há sete anos. Ele também era brasileiro, nascido no Distrito Federal. O crime ocorreu no dia 26 de fevereiro, e Begoleã tentava viajar para Belo Horizonte (MG) quando foi detido.