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Governador de São Paulo deu prazo até a terça-feira para o Ministério da Saúde entregar as vacinas

Pleno.News - 10/09/2021 21h50

Governador de São Paulo, João Doria Foto: Governo do Estado de São Paulo

Quase todos os postos de saúde da cidade de São Paulo estão sem vacina da AstraZeneca para aplicar como segunda dose nesta sexta-feira (10). O problema chega a mais de 95% das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e outros pontos de aplicação, como parques e drive-thrus. Cerca de 200 mil pessoas estão com a aplicação atrasada, número que chegará na segunda-feira a 340 mil, segundo a Prefeitura.

O governador João Doria (PSDB) disse que o Estado pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso não receba do Ministério da Saúde 1 milhão de doses de AstraZeneca até a próxima terça-feira (14). A quantia, segundo ele, já deveria ter sido entregue pelo governo federal, evitando o desabastecimento do imunizante.

– O ministério deve, sim, um milhão de doses da vacina da AstraZeneca e, se não der por aquilo que representa a proporcionalidade de São Paulo e seus 645 municípios, dará por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) (…) Se nós não recebermos a vacina até a próxima terça-feira, como é a promessa do Ministério da Saúde, nós ingressaremos com uma nova medida no Supremo – disse o governador.

Segundo Doria, o estado já enviou dois ofícios ao Ministério da Saúde solicitando que providencie a entrega de vacinas.

– Isso não é um problema só de São Paulo, é um problema do País – afirmou.

Em reportagem publicada na quinta-feira (9), o estadão apontou que alguns Estados temem a falta de doses de AstraZeneca nas próximas semanas.

O governador acrescentou ainda que, caso não tenha doses AstraZeneca, que o ministério forneça a vacina da Pfizer, sugerindo o uso heterólogo como alternativa para a falta de doses de AstraZeneca. Na nota técnica 6/2021, o ministério determinou que vacinas heterólogas podem ser administradas quando houver indisponibilidade do imunizante aplicado como primeira dose. Não especificou, contudo, quais seriam os critérios para isso.

Na quinta-feira, o ministério afirmou que já repassou ao estado 12,4 milhões de doses da AstraZeneca referentes à primeira aplicação e outras 9,2 milhões referentes à segunda aplicação. A diferença, cerca 2,8 milhões de doses, segundo a pasta, ainda não foi enviada porque o intervalo previsto só terminaria no final deste mês.

“Ao contrário do que foi divulgado pelo governo de São Paulo, o Ministério da Saúde não deve segunda dose de vacina covid-19 da AstraZeneca ao Estado de São Paulo”, diz a nota. Ainda de acordo com a pasta, São Paulo utilizou como primeira dose vacinas destinadas a dose dois.

No caso da Pfizer, a escassez também foi constatada pela manhã. Mais de 85% dos postos chegaram a ficar sem a vacina para aplicação do reforço, mas parte das unidades foi reabastecida no início da tarde.

Com o sumiço nas primeiras horas do dia, a arquiteta Karina Garcia, de 26 anos, achou melhor se precaver.

– Vi que estava faltando e fiquei preocupada (…) Antes de vir para cá, liguei no posto de saúde para ter certeza que havia vacina disponível – relatou a jovem, que foi tomar a segunda dose do imunizante na UBS Boracea, na Barra Funda, zona oeste da capital, por volta das 16h30.

Pontualmente, moradores de São Paulo também relataram problemas com a disponibilidade de CoronaVac.

– Precisei sair mais cedo do trabalho, passei duas horas na fila e, quando chegou minha vez, disseram que não tinha (…) É uma situação frustrante: a gente perde o dia de serviço – disse a operadora de loja Ana Flávia Santos, de 24 anos.

Segundo afirma, tentou primeiro em um posto da Brasilândia, na zona oeste, antes de ir para a Barra Funda.

O levantamento do Estadão levou em consideração dados divulgados pela Prefeitura por meio do site De Olho na Fila, que informa sobre a disponibilidade dos imunizantes para a segunda dose. A escassez também se estende a vacinas para a primeira dose, dado que a gestão municipal não detalha em seu site.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse na manhã desta sexta que a cidade precisa de 200 mil doses para suprir a aplicação da segunda dose da AstraZeneca que estão em atraso. Na segunda-feira, esse número aumentará para 340 mil, com as 140 mil pessoas que estavam previstas para receber o reforço na data

– É uma questão de falta de fornecimento por parte do Ministério da Saúde e estão resolvendo. Aparentemente, deverá ser feita [a segunda dose para pessoas que receberam AstraZeneca], com Pfizer – declarou.

O problema constatado nesta sexta-feira começou a ser notado nesta quinta-feira (9), quando o secretário de saúde da cidade, Edson Aparecido, reconheceu que a quantidade de vacinas da AstraZeneca era insuficiente para abastecer todos os postos. Na quinta, a falta de doses afetava metade dos postos, situação que se agravou desde então.

A escassez de doses afeta todas as regiões da capital paulista. Na zona leste, nenhum dos 146 postos têm vacinas da AstraZeneca disponíveis para a segunda dose, mesma situação dos postos do centro (10), zona oeste (33) e norte (92).

O cenário de falta de imunizantes passou a afetar nesta sexta-feira as doses da Pfizer. Em cerca de 400 postos e pontos de aplicação, a vacina não estava sendo ofertada no fim da manhã, falta que também foi constatada em todas as zonas da cidade. Além da segunda dose, o imunizante é aplicado em adolescentes a partir de 12 anos. No início da tarde, parte dos postos passaram a informar um abastecimento.

Ao menos três Estados relataram nesta sexta-feira a falta do diluente necessário para a aplicação da Pfizer. Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul disseram que o envio do insumo está atrasado por parte do Ministério da Saúde. Sem a diluição, parte das doses fica parada nos estoques.

Lote da AstraZeneca está previsto para a semana que vem, diz Prefeitura
Em nota, a Prefeitura disse ter recebido nesta quinta-feira 255 mil doses da Pfizer e 128,5 mil da Coronavac. “Estas vacinas estão sendo entregues em todas as regiões da cidade e as Unidades estão sendo reabastecidas”, informou a gestão municipal

Sobre a AstraZeneca, a secretaria municipal disse que o Ministério da Saúde sinalizou a entrega de um lote para a capital, prevista para o início da próxima semana. “Recomendamos à população que acompanhe a disponibilidade de segundas doses dos imunizantes por meio da plataforma De Olho na Fila, no seguinte endereço: https://deolhonafila.prefeiturasp.gov br/.”

Quanto à possibilidade de aplicar vacina da Pfizer em que recebeu a primeira dose da AstraZeneca, a Prefeitura disse que a “medida precisa ser orientada pelo Programa Estadual de Imunização (PEI) e publicada em informe técnico para ser seguida pelo município”.

*AE

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