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Polícia diz não ter dúvidas sobre autoria da morte de Henry

Delegado também negou que mãe da criança tenha sofrido coação por parte do namorado

Pleno.News - 08/04/2021 14h03 | atualizado em 08/04/2021 14h19

Menino Henry Borel, de 4 anos Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Rio afirmou, na manhã desta quinta-feira (8), que o menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, sofria agressões periódicas por parte do vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), preso nesta manhã junto com a professora Monique Medeiros, sua namorada e mãe da criança.

Segundo os investigadores, conversas registradas num aparelho telefônico mostram que a babá de Henry relatou essas agressões à patroa, que teria mentido em depoimento à polícia. Após a morte, a babá foi pressionada a também mentir.

– Alguns pontos dessa conversa nos chamaram muita atenção. A babá fala que o Henry relatou a ela que o padrasto o pegou pelo braço, deu uma banda, uma rasteira, e o chutou. Ficou claro que houve lesão ali. [Ele] fala que Henry estava mancando, que não [a] deixou dar banho nele porque estava com dor na cabeça – apontou o delegado Antenor Lopes, diretor da Polícia Civil na capital.

Nessa linha, o delegado responsável pelo caso, Henrique Damasceno, descartou que Monique tenha sofrido qualquer tipo de ameaça do namorado; antes, ela era, na verdade, uma aliada dele.

Jairinho e Monique são suspeitos de cometer homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura e sem capacidade de defesa da vítima.

– Se eu tivesse percebido qualquer tipo de coação, não teria pedido a prisão dela – apontou o delegado.

A prisão temporária de Monique e do Dr. Jairinho, válida por 30 dias, foi justificada pela tentativa dele de atrapalhar as investigações. Ainda não houve denúncia. No depoimento à polícia, o casal alegou que vivia em harmonia familiar com o menino. A partir de desdobramentos das apurações, no entanto, percebeu-se que a versão seria falaciosa.

A polícia adquiriu recentemente o software Cellebrite, o mesmo usado, por exemplo, pelo Ministério Público do Rio. Ele permitiu uma série de análises avançadas nos materiais apreendidos nos mandados de busca e apreensão.

Além desses aspectos tecnológicos, a investigação analisou os laudos já produzidos e concluiu que não restam dúvidas sobre a autoria do crime. Henry apresentava lesões nos rins e no pulmão, bem como sangramentos internos, incompatíveis com um eventual acidente. Ainda há outros laudos pendentes, por isso o pedido foi de prisão temporária. A investigação continua.

A delegada Ana Carolina Medeiros, que conduziu a operação desta manhã, disse que o casal tentou se desfazer dos celulares quando a polícia chegou à residência, na zona oeste do Rio. Os aparelhos, contudo, foram resgatados pelos agentes.

O vereador e a mulher foram presos por agentes da 16ª DP (Barra da Tijuca). A polícia cumpriu mandados de prisão temporária expedidos pela juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri do Rio.

Henry morreu no Hospital Barra DOr, na Barra da Tijuca. Foi levado para lá pelo casal, que alegava tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, os pés e as mãos gelados e teria apresentado dificuldades para respirar.

De acordo com os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em parada cardiorrespiratória. No Instituto Médico Legal (IML), a necropsia constatou múltiplos sinais de trauma, como equimoses, hemorragia interna e ferimentos no fígado, típicos de agressão.

A polícia suspeita que Henry tenha morrido depois de ser submetido por Dr. Jairinho a uma sessão de torturas, com o conhecimento de Monique. Aos investigadores, o casal afirmou suspeitar que o menino teria se ferido em uma queda. Os ferimentos, contudo, não são compatíveis com tal versão.

Jairinho foi o 16° mais votado entre os 51 vereadores eleitos no Rio no ano passado. Eleito pela primeira vez em 2004, é figura conhecida do Legislativo carioca e filho de um ex-deputado estadual, o policial Coronel Jairo (PSC), que ficou na Assembleia Legislativa de 2003 a 2018.

Integrante do Conselho de Ética, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) anunciou que vai pedir, ainda nesta quinta, o afastamento dele da Casa. O colegiado se reúne às 18h. O pai, por sua vez, foi preso em 2018 pela Operação Furna da Onça, suspeito de receber mesada para aprovar projetos de interesse do governo de Sérgio Cabral.

*Estadão

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