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Petrópolis: Sobrevivente de 2011 morre em ônibus arrastado

Homem já havia perdido a casa em tragédia do passado na mesma cidade

Pleno.News - 21/02/2022 11h14 | atualizado em 21/02/2022 11h41

Tragédia em Petrópolis já deixou mais de 170 mortos Foto: EFE/Antonio Lacerda

Rafael Xavier Castro, de 42 anos, foi uma das vítimas do temporal que atingiu Petrópolis, na Região Serrana do Rio, na terça-feira (15). Ele estava em um dos ônibus arrastados após a enchente do Rio Quitandinha. O homem, que a família define como “guerreiro”, já havia superado traumas do passado, como a perda da casa nas chuvas de 2011 na cidade, mas, dessa vez, não conseguiu escapar dos efeitos da cheia repentina.

– Ele era um guerreiro. Não tinha uma perna, e penso que isso impediu que ele se salvasse. Como estava de jeans e usava perna mecânica, as pessoas não perceberam essa limitação – disse o vendedor Filipe Xavier Castro, seu único irmão.

Rafael trabalhava no hipermercado Assaí e, naquele dia, saiu por volta das 15h e foi ao centro da cidade, onde tomaria o ônibus para voltar para casa, no bairro Quitandinha.

Com 9 anos de idade, Rafael foi atropelado, sofreu um traumatismo craniano severo, ficou dois meses em coma, quase dois anos sem andar, mas se recuperou. Com 24 anos, ele se envolveu em um acidente automobilístico e perdeu a perna esquerda, mas também se recuperou. Passou a usar prótese e levava uma vida normal.

Em 2011, quando as chuvas assolaram a região de Petrópolis, no Rio de Janeiro, a casa de Rafael foi destruída, a família perdeu tudo, mas ele e os familiares sobreviveram.

Filipe lembra que, na tragédia de 2011, a família estava em casa, um sobrado no bairro Benfica, quando desceu uma torrente de água e lama.

– Estávamos eu, ele, minha mãe e minha filha, Maria Luísa. A lama tomou todo o andar de baixo e atingiu 30 centímetros no andar de cima. Perdemos tudo, mas conseguimos sair ilesos.

A casa, avariada, foi condenada pela Defesa Civil. A família passou a receber o aluguel social até conseguir refazer a vida. Rafael se casou e foi morar no bairro Quitandinha, mais próximo do trabalho dele e da esposa.

Na semana passada, a família reviveu o drama, dessa vez com um fim trágico.

– A região estava toda alagada. Acredito que ele achou que estaria mais seguro dentro do ônibus. Por volta das 5h30 (da tarde), ele mandou mensagem para a esposa, Adriana, contando que o rio estava pondo água para fora. Ele estava acostumado, pois o trecho sempre alaga. Só que, desta vez, foi pior e foi muito rápido. As pessoas que conseguiram sair, disseram que ele estava muito tranquilo, ajudando no salvamento de outras pessoas. Jogaram a corda e muitos saíram por ela, mas, na minha cabeça, imagino que ele nem tentou sair pela corda, pois sem a perna seria difícil. Ele era uma pessoa reservada, não falou da deficiência física, não pediu ajuda – imagina o irmão.

Na quarta-feira (16), Filipe saiu de casa à procura do irmão. Foi informado de que havia corpos no Instituto Médico Legal (IML) e foi para lá.

– Cheguei [ao] meio-dia e saí de lá quase [à] meia-noite, mas com o corpo do meu irmão. Pelo menos, conseguimos dar um velório digno para ele. Ontem (sexta-feira, 18), nossa família se reuniu. Meu pai tem 67 anos e está arrasado. Minha mãe está mais forte, mas refizemos, em nossas lembranças, a vida dele de luta, de superação. Ele venceu, conseguiu realizar muitos dos sonhos que tinha. Foi um guerreiro – desabafou.

*AE

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