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Perito da Polícia Civil morto por militares foi jogado vivo no rio

Laudo apontou que Renato Couto apresentava sinais de afogamento, com areia e lama nas vias aéreas

Paulo Moura - 18/05/2022 11h39 | atualizado em 18/05/2022 12h04

Perito morto por militares Foto: Arquivo Pessoal

O laudo de necropsia realizado no papiloscopista Renato Couto, morto por militares da Marinha após se envolver uma discussão por causa de peças furtadas de sua obra, indicou que o perito apresentava sinais de afogamento, com areia e lama nas vias aéreas. O resultado confirma que Renato foi jogado vivo no Rio Guandu, na altura de Japeri, na Baixada Fluminense, após ser baleado. A informação foi divulgada pelo portal G1.

No documento, os peritos do Instituto Médico-Legal (IML) apontaram que Renato poderia ter sobrevivido caso não fosse lançado no rio e tivesse sido socorrido em tempo hábil. O papiloscopista foi atingido por disparos no abdômen, na cintura e na perna antes de ser jogado na água.

O laudo ainda indicou que o tiro que atingiu a perna de Renato foi o mais grave, mas foi atenuado pelo fato de ter sido “parcialmente contido pelos tecidos do entorno”, o que diminuiu “a hemorragia externa”. Por esse fato, de acordo com o documento, o papiloscopista não morreu imediatamente e poderia ter recebido “o atendimento emergencial necessário”.

O corpo do perito foi achado apenas na manhã da última segunda-feira (16), três dias após o crime, após ter sido reconhecido por parentes ainda na margem do rio onde foi lançado.

SOBRE O CASO
Renato, que era papiloscopista do Instituto de Identificação Félix Pacheco, foi morto pelos militares da Marinha na última sexta (13). O crime aconteceu após uma discussão em um ferro-velho na Zona Norte da capital fluminense.

Um sargento se entregou no 1º Distrito Naval e confessou o crime. As investigações apontam que os militares usaram um veículo oficial da Força para esconder o corpo da vítima. A polícia foi acionada após o papiloscopista não ter comparecido ao plantão que faria no trabalho, no último sábado (14).

O celular de Renato foi rastreado por equipes da Delegacia de Homicídios, da 18ª DP (Praça da Bandeira) e do Instituto Félix Pacheco. As equipes descobriram que a vítima teve uma briga com Lourival Ferreira de Lima, dono de um ferro-velho, na Mangueira.

Renato fazia uma obra no bairro Praça da Bandeira. O crime ocorreu após ele ter sido vítima de uma sequência de furtos. Na manhã de sexta, o papiloscopista achou seus materiais no ferro-velho e conseguiu um acordo de ressarcimento, mas quando voltou ao ferro-velho, durante a tarde, foi vítima de uma emboscada.

Lourival chamou o filho, Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares. Os quatro homens tentaram forçar a entrada de Renato em uma van da Marinha. A vítima resistiu e entrou em luta corporal, até que foi baleada por Bruno. Os autores do crime, na sequência, jogaram o corpo do papiloscopista no rio.

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