“Pedófilos precisam de punições mais rigorosas”, diz sargento
A vereadora Tânia Guerreiro inspira a ministra Damares no combate à pedofilia
Monique Mello - 12/03/2021 12h45 | atualizado em 12/03/2021 15h15

Subtenente da Polícia Militar de Curitiba, Tânia Guerreiro (PSL-PR) tem como missão de vida a proteção da criança e do adolescente. Com 35 anos de corporação, ela está em seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Curitiba.
Mais conhecida como sargento, Tânia é a única policial militar do Brasil especializada em combate e prevenção à pedofilia, com palestras no Brasil e exterior. Ela participou, como convidada, de eventos sobre pedofilia promovidos pela Interpol no Canadá e na Hungria e do Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida e Vitimizada. Especializou-se em Metodologia para o Enfrentamento à Violência Contra Crianças e Adolescentes, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
A vereadora possui uma “fã” de peso: a ministra Damares Alves, que já declarou que usa o material de Tânia sobre combate à pedofilia há anos.
A vereadora conversou exclusivamente com o Pleno.News sobre seus enfrentamentos nos dois primeiros meses de mandato e sobre sua experiência na proteção à criança e ao adolescente.
Quando e como a senhora percebeu que queria – ou precisava – trabalhar no combate à pedofilia?
No início dos anos 90, após o desaparecimento de Guilherme Caramês Tiburtius, a mãe desse menino criou o Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida e Vitimizada. Ingressei, ao lado de outros policiais militares, ao movimento que ganhou alcance nacional, e as fotos de crianças desaparecidas passaram a ser impressas em materiais de divulgação de grandes empresas, em sacolas de supermercado e em faturas de luz, por exemplo. Percorremos o país indo atrás de crianças desaparecidas.
Em 2000, durante um encontro nacional de jovens em Faxinal do Céu, no Paraná, falei sobre minha insatisfação publicamente pela primeira vez, no meio de uma dinâmica de grupo. Ali, eu disse que faria com que a pedofilia fosse tipificada no Código Penal como crime, porque eu, como mãe, mulher, policial não aceito que o pedófilo estupre uma mulher e uma criança e cumpra a mesma pena.
A proteção à criança foi o principal incentivo para a senhora ingressar na política?
Resolvi entrar na política para batalhar por punições mais rigorosas para os pedófilos. Hoje em dia, é muito raro um pedófilo pegar a pena máxima, pois se ele tem bons antecedentes, não é bandido e tem endereço fixo, logo sai por bom comportamento. Já temos Projetos de Lei protocolados, desde o cadastramento de pedófilos condenados até a criação de um espaço exclusivo para mulheres, em horários de pico, nos ônibus da cidade de Curitiba.
Não aceito que o pedófilo estupre uma mulher e uma criança e cumpra a mesma pena
O que mais a senhora sente falta na sociedade e no poder público com relação aos perigos do abuso sexual e pedofilia?
Primeiro, não podemos lembrar dessa luta apenas no Maio Laranja. A pedofilia acontece 365 dias por ano, 24 horas por dia. Precisamos de uma sociedade inteira atenta aos riscos e cuidadosa em relação a eles. Depois, punições mais rigorosas para os pedófilos.
Em dois meses de mandato já foi possível algum avanço?
Fui muito bem recebida na Câmara. Eu e minha equipe procuramos sempre o diálogo com os demais vereadores e equipes. Acredito em continuar posicionada em meus princípios e valores e principalmente sendo direcionada por Deus! De forma prática, temos protocolado e nos posicionado de maneira ativa e relevante.
Nossa pauta principal é a criança e o adolescente; então, já protocolamos vários projetos: cadastro municipal de pedófilos condenados, criação de fundo municipal em combate à pedofilia, cadastro para motoristas de transporte escolar que respondem a processo de abuso contra crianças e adolescentes, espaço exclusivo para mulheres nos ônibus em horários de pico e instalação do botão de pânico. Acompanhando a ministra Damares, propomos o cadastro municipal de instituições religiosas. Enfim, são tantos! Em apenas dois meses, já temos trabalhado muito, e, como resultado disso, temos visto o apoio da população nas minhas redes sociais.

Tendo a proteção à criança e ao adolescente como bandeira de seu mandato, o que pretende fazer de efetivo em prol da causa?
A defesa da criança e do adolescente é a principal bandeira da minha história. O combate à pedofilia faz parte da minha luta. Tenho muitas ideias de proteção à criança, mas também a nós, mulheres! Desde de que entrei na câmara, nosso gabinete está a todo vapor! Um dos meus focos também é a capacitação de profissionais para combate a qualquer abuso infantil, seja na educação, em instituições religiosas, na saúde e na rede de pais. Meu trabalho, graças a Deus, tem girado em todo o Brasil.
A pedofilia acontece 365 dias por ano, 24 horas por dia
O que está ao alcance de um vereador em termos de Código Penal?
Nós, vereadores, precisamos criar leis e fiscalizá-las. Precisamos unir forças para fazer com que nossas crianças estejam protegidas e vivam com seus direitos garantidos! A Constituição diz que não é função de um vereador, que atua num município, preocupar-se com direito penal, pois isso é da competência legislativa da União e, excepcionalmente, dos estados-membros.
A defesa da criança e do adolescente é a principal bandeira da minha história
A senhora se lembra de algum caso marcante no qual trabalhou?
Acredito ser o caso que me fez entrar em defesa da criança e do adolescente (junto ao falecido coronel Darci Dalmas, então chefe da PM2, como é conhecido o serviço de inteligência)… O caso do desaparecimento do menino Guilherme Caramês Tiburtius.
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